domingo, 30 de dezembro de 2012

Alguns bons alvos para um novo ano

Alguns bons alvos para um novo ano

Joel 3:1-21

30 de dezembro de 2012

Luiz Felipe Xavier

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Alvos para 2013


A sabedoria de Deus é um dos seus atributos que mais me encanta. Nas palavras de Wayne Grudem, “dizer que Deus tem sabedoria significa dizer que ele sempre escolhe as melhores metas e os melhores meios para alcançar essas metas.”. Pergunto: por que temos dias, semanas, meses, estações e anos? Porque Deus, em sua sabedoria, deseja dar-nos várias oportunidades de recomeçar. Dessas várias oportunidades, o início de um ano talvez seja a mais significativa. Recomeçar é preciso!

Não sei qual é a sua impressão, mas a minha é de que 2012 voou. Mais do que isso, a minha impressão é de que os anos têm voado mais rápido a cada ano. Para mim, fim de ano é tempo de olhar para trás e de olhar para frente. Olhar para trás e fazer um balanço do ano que passou. Ver o que foi bom e o que foi ruim. Ver o que pode ser melhor e o que não deve ser repetido. Acima de tudo, ver ou “contar as bênçãos” de Deus. Olhar para frente e estabelecer alvos para o novo ano que se inicia. Alguns pensam que estabelecer alvos não é algo bom (alvos lembram metas e metas lembram a opressão da empresa). Pensam também que isso contribui para as frustrações. Se os alvos forem impossíveis, essas pessoas têm razão. Outros pensam que estabelecer alvos é algo bom (eu me incluo nesse grupo). Por que estabelecer alvos para o novo ano é bom? Porque os alvos são declarações das intenções do nosso coração. Porque os alvos são motivações para as nossas ações. Porque os alvos são maneiras de autoavaliação. E as frustrações? Tratamos das frustrações com boas doses de graça. A graça é o melhor remédio para as frustrações.
No último dia de 2011, olhei para trás e olhei para frente. Estabeleci alvos. Alguns alcancei, outros não (o que é normal). Amanhã, no último dia de 2012, quero fazer tudo novamente e quero sugerir que você faça o mesmo. Em família, separe um tempo para olhar para trás e para olhar para frente, tempo para estabelecer alvos para 2013. Enquanto estabelece esses alvos, lembre-se das palavras de Paulo, o apóstolo: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Co. 10:31).
A nossa vida é integral e devemos vê-la dessa maneira. Porém, quero sugerir que estabeleçamos, pelo menos, seis tipos de alvos para o novo ano: devocionais, familiares, vocacionais, financeiros, físicos, e gerais.
Nos alvos devocionais, pensemos na prática do amor a Deus e ao próximo. Pensemos no exercício das disciplinas espirituais (meditação, oração, jejum, estudo, simplicidade, solitude, submissão, serviço, confissão, adoração, orientação e celebração). Pensemos no serviço à igreja, a partir dos dons espirituais que Deus nos deu. Pensemos no relacionamento com pessoas que ainda não seguem a Jesus. Pensemos na proclamação do Evangelho a essas pessoas.
Nos alvos familiares, pensemos em amar mais. Pensemos em ser melhores maridos ou melhores esposas (para tal, perguntemos às esposas e aos maridos como isso é possível). Pensemos em ser melhores pais e melhores filhos (semelhantemente, perguntemos aos filhos e aos pais como isso é possível). Pensemos em ter filhos. Pensemos em estar mais presentes. Pensemos em passar mais tempo juntos. Pensemos em uma viagem juntos. Pensemos em resolver os nossos conflitos da maneira melhor e mais rápida possível. Pensemos em exercitar o perdão. Pensemos em servir mais um ao outro.
Nos alvos vocacionais, pensemos em como Deus pode expressar-se melhor através de nós e do que nós fazemos. Pensemos em como o nosso estudo ou trabalho pode contribuir mais para o crescimento do Reino de Deus neste mundo. Pensemos em ser alunos e profissionais mais qualificados. Pensemos em cuidar melhor da criação de Deus. Pensemos em crescer.
Nos alvos financeiros, pensemos em acumular mais tesouros nos céus. Pensemos em ampliar nossas receitas. Pensemos em diminuir nossas despesas. Pensemos em quitar nossas dívidas (se temos dívidas). Pensemos em ser mais generosos. Pensemos em consumir menos, para a sobrevivência do Planeta.
Nos alvos físicos, pensemos em cuidar melhor do nosso corpo. Pensemos em reeducação alimentar. Pensemos em atividade física.
Por fim, nos alvos gerais, pensemos em ler mais. Pensemos em escrever mais. Pensemos fazer novos cursos. Pensemos em passar menos tempo na frente da tela (entendida em sentido amplo). Pensemos no que quisermos fazer de bom.
Que Deus ajude-nos a planejar e dê-nos a sua graça para realizar! Desejamos a todos um excelente ano novo!
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Natal de verdade

As lembranças que tenho do Natal são, em sua maioria, doces. No início de dezembro, armávamos a árvore, enfeitávamos a casa e esperávamos pelo dia 25. Como quase toda criança, escrevia cartinha para o Papai Noel e esperava, ansiosamente, por seus presentes. Como Jesus mesmo ensinou que os pais “sabem dar boas coisas aos seus filhos” (Mt. 7:11), meu “Papai Noel” (talvez, “Mamãe Noel”) sempre soube dar-me coisas boas. Honestamente, pensava que Natal estava diretamente relacionado aos presentes.
O tempo passou e uma mudança radical aconteceu. Na igreja em que éramos membros, ensinaram-nos que a celebração do Natal não era “coisa de crente”, mas um “costume pagão”. Na sincera intenção de obediência, nossos inícios de dezembro perderam a graça, nossa casa permanecia como nos demais dias do ano e nenhuma expectativa havia mais em relação ao dia 25. Durante esse tempo, o Natal, literalmente, perdeu a graça. Pior, pensava que Natal estava diretamente relacionado ao paganismo.
Poucos anos depois, um feixe de luz começou a brilhar... se era luz de Natal não sei, Deus o sabe. Pouco a pouco, fomos retomando o costume de montar a árvore, enfeitar a casa e aguardar o dia 25 de dezembro. O tempo em que Natal estava relacionado aos presentes ficou para trás... desse tempo, restaram apenas lembranças que enternecem a alma até hoje. O tempo em que Natal estava relacionado ao paganismo também ficou para trás... desse tempo, restauram apenas a satisfação pela obediência (embora desnecessária, neste caso) e a sensação de que perdemos um tempo enorme na vida. Desde que a luz começou a brilhar, retomamos os encontros familiares nos dias 24 e 25 de dezembro e as trocas de presentes. A comunhão fraterna precisava ser valorizada e cultivada, com presente ou sem eles. Caso desejássemos presentear nossos queridos, esse ato deveria ser marcado por simplicidade. Foi exatamente recordando esses momentos que tive uma idéia: a troca de algo que já temos e que valorizamos pode ser uma excelente alternativa. O que não podemos permitir é que o espírito consumista, próprio do “deus mercado”, escravize-nos, especialmente neste tempo onde ele parece estar cada vez mais forte.
Nos últimos anos, o feixe de luz parece ter dado espaço à estrela de luz. Estrela como aquela que conduziu os magos do oriente até o local onde encontrava-se o Deus-menino. Com a maturidade na fé veio o aprofundamento do sentido do Natal. Natal é a celebração do nascimento do Salvador. Quando discernimos isso, de fato e de verdade, tudo muda. Dezembro ganha um novo sentido. O presépio do Natal torna-se mais importante que a árvore de Natal. Jesus torna-se mais importante que Papai Noel. O presente da salvação torna-se mais importante que qualquer presente que troquemos. Isso é Natal de verdade!
Há um ano, desafiado a trazer uma palavra num jantar de Natal, voltei aos Evangelhos... Foi maravilhoso ver o que Mateus, Marcos, Lucas e João nos ensinam sobre o Natal. Ensinam que Jesus vem ao mundo para salvar-nos dos nossos pecados (Cf. Mt. 1:21). Ensinam que Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Cf. Mt. 1:23). Ensinam que Jesus é digno de ser adorado como Deus (Cf. Mt. 2:2). Ensinam que Jesus é aquele que conduz-nos como pastor (Cf. Mt. 2:7). Ensinam que Jesus tem ofício de profeta, sacerdote e rei (Cf. Mt. 2:11). Ensinam que Jesus humilha-se, radicalmente, desde o seu nascimento (Cf. Lc. 2:7). Ensinam que Jesus deve ser glorificado (Cf. Lc. 2:14). Ensinam que Jesus traz-nos a paz (Cf. Lc. 2:14). Ensinam que Jesus manifesta-nos o favor de Deus (Cf. Lc. 2:14). Ensinam que Jesus é aquele que dá-nos a vida (Cf. Jo. 1:4). E ensinam que Jesus é a Palavra de Deus que faz-se carne e habita entre nós (Cf. Jo. 1:14).
Notem! Natal de verdade é Natal que recorda a pessoa de Jesus. Assim como, há 2.000 anos atrás, alguns pastores ouviram a voz do anjo, que, no próximo dia 25 de dezembro, nós possamos ouvi-la novamente: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lc. 2:10-11). Que Cristo renasça em nossas vidas a cada Natal e, com ele, a esperança!
Desejo a todos um feliz Natal e um excelente 2013!
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.

domingo, 16 de dezembro de 2012

“Em um relacionamento sério com Deus”

“Em um relacionamento sério com Deus”

Joel 2:1-32

16 de dezembro de 2012

Luiz Felipe Xavier

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Pisou na bola? Como continuar no jogo da vida.


A conhecida expressão “pisar na bola” tem sua origem no chamado mundo do futebol. Todos aqueles que são amantes desse esporte já viram um jogador, que tinha tudo para fazer um belo gol, pisar na bola. Dependendo da pisada, o técnico não pensa duas vezes e o tira do jogo.
Nos nossos relacionamentos interpessoais, pisar na bola é ter uma atitude considerada inaceitável. Maridos pisam na bola com a esposa e a esposa com o marido. Pais pisam na bola com filhos e filhos com os pais. Amigos pisam na bola com amigos, vizinhos com vizinhos, colegas de trabalho com colegas de trabalho, e por aí vai... Pisamos tanto na bola que o Técnico da vida poderia nos tirar do jogo a qualquer momento. Mas, ele mantém-nos em campo porque decidiu escalar seu próprio Filho, o craque dos craques, para colocar-nos na cara do gol e mudar a história do jogo.
Futebol à parte, o Evangelho é mais ou menos isso. O apóstolo Paulo afirma que todos os seres humanos estão debaixo da ira de Deus, porque pisaram na bola com Deus, pecaram contra Deus. Porém, por seu amor eterno, o Filho de Deus entra na nossa história, vive a vida como a vida deve ser vivida, não pisa na bola, não peca. Mesmo assim, morre numa cruz. Morre para perdoar as nossas pisadas na bola, os nossos pecados. Ele é sepultado, ressuscita ao terceiro dia e aparece a muitos. Ressuscita para dar-nos uma nova vida, uma vida como a dele.
A grande pergunta é: como podemos receber esse perdão para os nossos pecados e essa nova vida? Para responder essa pergunta, o apóstolo Paulo apresenta-nos dois grupos e duas atitudes. Todavia, no lugar da bola, apresenta-nos uma pedra. “Que diremos, então? Os gentios, que não buscavam justiça, a obtiveram, uma justiça que vem da fé; mas Israel, que buscava uma lei que trouxesse justiça, não a alcançou. Por que não? Porque não a buscava pela fé, mas como se fosse por obras. Eles tropeçaram na “pedra de tropeço”. Como está escrito: “Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair; e aquele que nela confia jamais será envergonhado”. (Rm. 9:30-33).
Os dois grupos descritos nesses versos são: gentios (os povos em geral) e judeus (o povo de Israel). Cada um deles teve uma atitude: os gentios creram em Jesus e os judeus não. Conforme o apóstolo Paulo Deus justifica, graciosamente, aqueles que colocam sua fé em Jesus, somente. Os gentios estavam fazendo isso e os judeus não. Os gentios estavam buscando uma justiça (ajustar-se das pisadas na bola) que vem de Jesus e que é recebida de graça, pela fé. Eles simplesmente recebiam o perdão ofertado por Deus. Os judeus estavam buscando uma justiça (justificar as pisadas na bola) que vem da lei e que é recebida como mérito, pela obediência. Eles tentavam auto-justificar-se, ao invés de simplesmente receber o perdão ofertado por Deus.
Quanto a esses últimos, o apóstolo Paulo diz: “Eles tropeçaram na “pedra de tropeço”. Quem é essa pedra de tropeço? Essa pedra é Jesus. Diante dessa pedra, só duas atitudes são possíveis: incredulidade, que conduz à queda e à destruição; fé, que conduz à segurança eterna. Todos nós, que pisamos na bola com Deus, que pecamos contra Deus, precisamos decidir que atitude tomaremos diante de Jesus: atitude de incredulidade ou atitude de fé. Dessa atitude depende a nossa continuidade no jogo da vida. Se a atitude for de incredulidade, estaremos caídos e o que nos aguardará é destruição. Se a atitude for de fé, estaremos de pé e o que nos aguardará é a segurança eterna. Esse é o Evangelho da graça!
Voltando ao futebol, encerro contando uma história... Durante algum tempo, ensinei Educação Cristã e Filosofia numa escola de 5ª a 8ª série. Nessa escola, no fim de cada ano, tinha um superclássico entre professores e alunos. Entre os professores, um era genial e o outro era o péssimo dos péssimos. O genial dava aula de Educação Física e o péssimo dos péssimos dava aula de Educação Cristã e Filosofia. Durante o jogo, o genial fazia tudo e rolava para o péssimo dos péssimos só empurrar para as redes. Se ele apenas ficasse parado já era suficiente, pois a bola bateria nele e entraria. Embora o péssimo dos péssimos fizesse muitos gols, ele e todos os demais presentes sabiam que o mérito era todo do genial. Assim também acontece com a nossa salvação. Se dependesse de nós, só pisávamos na bola. Como depende inteiramente de Jesus, conseguimos fazer alguns belos gols. O mérito, todos nós sabemos de quem é: é inteiramente dele, que é o craque dos craques.
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção, por ocasião da "Conversação com Ariovaldo Ramos".

domingo, 11 de novembro de 2012

Superando as crises da vida

Superando as crises da vida

Joel 1:1-20

11 de novembro de 2012

Luiz Felipe Xavier

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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

495 anos da Reforma Protestante


Quando ainda era acadêmico na faculdade de Teologia, ouvi de um professor as seguintes palavras: “Todos vocês precisam de três conversões: a primeira, a Jesus Cristo, a segunda, à Reforma Protestante, e a terceira, à América Latina.”. Essas palavras jamais saíram do meu coração.
A Reforma Protestante tem início no dia 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero fixa suas 95 teses, na porta do castelo de Wittenberg, na Alemanha. Mas, dois séculos antes, movimentos que propunham reforma na Igreja Medieval já espalhavam-se por toda a Europa. Exemplos disso encontramos na Inglaterra, na Boêmia (atual República Tcheca) e na Itália, com João Wycliff, João Hus e Jerônimo Savonarola, respectivamente. Esses preciosos irmãos levantam suas vozes contra as práticas equivocadas da Igreja Medieval e afirmam a autoridade absoluta das Escrituras. Logo, pagam com a própria vida e aram a terra onde a semente da Reforma Protestante é lançada, germina e brota.
As principais teses defendidas pelos reformadores podem ser descritas em “5 Solas”. A primeira é Sola Scriptura. Só a Escritura, corretamente interpretada, é a nossa regra de fé e prática. Ela tem autoridade absoluta sobre nós e a ela devemos nos submeter totalmente. Assim, os reformadores propõem a tradução da Bíblia na língua do povo e a interpretação literal da mesma.
A segunda é Solus Christus. Só pelo sacrifício de Cristo na cruz do Calvário é que podemos ser perdoados dos nossos pecados e reconciliados com Deus. O Evangelho é a Boa Notícia de que Jesus morreu pelos nossos pecados, foi sepultado, ressuscitou e apareceu a muitos. Assim sendo, só há um Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo de Nazaré.
A terceira é Sola Gratia. Só pela maravilhosa graça de Deus podemos ser salvos. Nós, que somos pecadores, merecíamos a morte eterna. Deus, que é Santo, deu-nos, de graça, a vida eterna. Pela graça, nós somos salvos. Isto não vem de nós, nada vem de nós. Antes, é dom de Deus, é presente. Não vem das nossas obras, para que nenhum de nós se glorie. Então, todo mérito da nossa salvação é do Deus de toda graça.
A quarta é Sola Fide. Só pela fé podemos receber, de graça, a nossa salvação. Essa fé também é dom de Deus. É ele quem nos dá. Quando confiamos, única e exclusivamente, no que Cristo realizou por nós na cruz, somos justificados. O Pai imputa-nos, transfere-nos, a justiça do Filho. Conseqüentemente, se a nossa confiança está apenas em Jesus, não seremos condenados pelos nossos pecados. Aleluia!
A quinta e última é Soli Deo Gloria. Só a Deus deve ser dada toda glória pela nossa salvação. Desde a eternidade, Deus Pai nos escolheu e nos predestinou. Na história, Deus Filho derramou o seu sangue para a nossa redenção. Hoje, Deus Espírito Santo dá-nos vida espiritual e nos sela até o dia em que a boa obra iniciada em nossas vidas será levada a bom termo. Portanto, toda a glória da nossa salvação deve ser dada somente ao Deus Trino.
Pouco a pouco, essas teses espalham-se por toda a Europa e por todo o mundo. Grandes coisas o Senhor faz na Alemanha de Martinho Lutero, na Suíça de Ulrico Zuínglio e de João Calvino, na Inglaterra dos tutores de Eduardo VI, na Escócia de João Knox, na França dos Huguenotes e em tantos outros lugares.
Por fim, quero destacar o que Senhor faz entre os anabatistas, nossos pais na fé. O movimento anabatista começa em Zurique, na Suíça, com Conrado Grebel e Félix Mantz. Esses irmãos, que reúnem-se com Ulrico Zuínglio, começam estudar a Bíblia e concluem que precisavam de uma reforma mais radical. Logo, começam a rebatizar os adultos (daí anabatistas) e criticar as autoridades locais. Por tais atitudes são fortemente perseguidos. Alguns morrem, outros fogem.
Dentre os que fugiram encontra-se Miguel Sattler, que passa a viver em Estrasburgo, na Alemanha. Ele é quem preside a chamada “Conferência de Schleitheim”. De tal conferência surge a primeira confissão que define os seguintes princípios anabatistas: ideal de restauração da igreja primitiva; igrejas vistas como congregações voluntárias separadas do Estado; batismo de adultos por imersão; afastamento do mundo; fraternidade e igualdade; pacifismo; proibição do porte de armas, cargos públicos e juramentos. Vale ressaltar ainda que, na Holanda, sob a liderança de Menno Simons, o movimento estabelece-se e cresce.
Desde que Martinho Lutero fixa suas 95 teses, na porta do castelo de Wittenberg, 495 anos se passam. Somos gratos a Deus pelo que ele faz no século XVI e desejamos que ele faça muito mais no século XXI. Que assim seja!
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Introdução ao evangelho de Lucas

Introdução ao evangelho de Lucas

Lucas 1

15 de outubro de 2012

Luiz Felipe Xavier

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Igreja: reflexo da graça de Deus


A graça de Deus é um dos principais temas de Hebreus. Lendo essa carta, percebemos que a graça de Deus é revelada em Jesus, é recebida pessoalmente e é refletida coletivamente. Ela é refletida coletivamente pela igreja. É exatamente por isso que o autor de Hebreus afirma: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns.” (10:25a).
Essas palavras, ditas no século I, alcançam nossos ouvidos hoje, no século XXI, gerando certo incômodo. Isso porque, numa época marcada por individualismo, temos visto crescer o número de pessoas que afirmam: “Jesus, sim; igreja, não!”. Para essas pessoas, é possível seguir a Jesus sem pertencer a uma igreja local. Mas, ao que parece, para o autor de Hebreus essa possibilidade não existe. Não existe porque, como disse anteriormente, é na igreja que a graça de Deus é refletida. A grande pergunta é: como?
Primeiro, considerando uns aos outros para o incentivo ao amor e às boas obras (cf. 10:24). É na igreja que aprendemos a praticar o amor que, por definição, pressupõe o outro. Aprendemos a praticar o amor, especialmente, quando nos dispomos a praticar boas obras. Essas boas obras devem ser mutuamente incentivadas. Eu preciso incentivar o meu irmão e o meu irmão precisa me incentivar. Essas boas obras também devem ser, ao mesmo tempo, dentro e fora do círculo da igreja. São dentro, quando dentro houver necessidade; porém, são fora, quando fora houver necessidade. Essas boas obras devem ainda ser norteadas pela necessidade que nos é apresentada e pela possibilidade que temos de suprir tal necessidade. Ao mesmo tempo em que temos a consciência de que não somos “messias”, precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance para servir ao nosso próximo, seja ele um irmão ou não.
Segundo, imitando o exemplo daqueles que, por meio da fé, receberam a herança prometida (Cf. 6:12). É na igreja que aprendemos com os exemplos uns dos outros. Isso significa que eu aprendo com a vida do meu irmão e o meu irmão aprende com a minha vida. Logo, tanto eu quanto o meu irmão precisamos viver uma vida bonita, uma vida que inspire, uma vida que seja parecida com a de Jesus. Significa também que aqueles que caminharam mais têm mais a ensinar aqueles que caminharam menos. Isso é discipulado! Significa ainda que essa caminhada é motivada pela esperança. Esperança de alcançarmos a herança prometida por Deus.
Terceiro, esforçando-nos para viver em paz com todos e para ser santos (Cf. 12:14). A vida na igreja deve ser vivida em paz. Para isso, algo é demandado de cada um de nós: esforço. Viver em paz não é tarefa fácil. Não o é porque, vez por outra, ofendemos uns aos outros. Quando isso acontece, um esforço é requerido de cada um de nós: o esforço da reconciliação. Para tal, é necessário perdoar e ser perdoado. O efeito desse esforço pela reconciliação é a santificação. À medida que ofendemos ao nosso irmão e procuramos reconciliação, Deus está trabalhando em nossas vidas, tornando-nos mais santos.
Quarto, cuidando para que ninguém se exclua da graça de Deus, que nenhuma raiz de amargura brote e que não haja imoral e profano (Cf. 12:15-16). A igreja é um ambiente onde devemos exercitar o cuidado mútuo. Exercitamos o cuidado mútuo quando não permitimos que ninguém se exclua da graça de Deus. Notem: a graça não exclui ninguém, mas alguém pode se excluir da graça. Alguém se exclui da graça quando não consegue mais se ver perdoado por Deus e desiste de si mesmo. Exercitamos cuidado mútuo também quando não permitimos que nenhuma raiz de amargura brote, tanto no nosso coração quanto no coração do nosso irmão. Constantemente, precisamos fazer um auto exame e ajudar o nosso irmão a fazer o mesmo. Se o nosso coração está amargurado, tendemos a nos afastar. Exercitamos o cuidado mútuo ainda quando não permitimos que haja no nosso meio imoral ou profano. Em geral, imoralidade e profanação são consequências naturais do afastamento anterior. Uma vez que alguém se afasta da igreja, é natural que perca também os referenciais dos valores éticos do Reino de Deus, tornando-se alguém imoral e profano. É com a intenção que ninguém chegue nesse terrível estado que precisamos exercitar o cuidado mútuo.
Quinto e último, encorajando uns aos outros, de modo que ninguém seja endurecido pelo engano do pecado. (Cf. 3:13). É na igreja que encorajamos uns aos outros nos altos e baixos da vida. Isso significa que ninguém está bem o tempo todo e que ninguém está mal o tempo todo. Significa também que quando eu estou mal eu preciso ser encorajado por quem está bem e que quando eu estou bem eu preciso encorajar quem está mal. Significa ainda que todos nós, de tempos em tempos precisamos ser encorajados e encorajar. O resultado desse encorajamento mútuo é que ninguém terá o coração endurecido pelo engano do pecado.
A carta aos Hebreus tem muitas outras indicações acerca de como a graça de Deus é refletida coletivamente pela igreja. Por hora, bastam essas cinco. Que Deus nos leve a discernir que a igreja, quando é Igreja, é o projeto mais fascinante da terra!
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Jesus: o caminho para sair da crise de fé


Nos dois últimos meses, tenho refletido sobre a carta aos Hebreus. Essa carta foi escrita a judeus convertidos à fé cristã. Tais judeus cristãos creram no Evangelho, começaram a seguir a Jesus e entraram numa profunda crise de fé. No capítulo 5, entre os versos 11 e 14, o autor apresenta-nos essa triste situação: “Quanto a isso, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para aprender. Embora a esta altura já devessem ser mestres, precisem de alguém que ensinem a vocês novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! Quem se alimenta de leite ainda é criança e não tem experiência no ensino da justiça. Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal.”.
Assim como os judeus cristãos passaram por crise de fé, hoje, muitos de nós também passam por crise de fé. Logo, a pergunta é: o que precisamos fazer para sair dessa crise? A carta inteira é uma resposta a essa pergunta. Aqui, quero apresentar uma parte, a mais importante, diga-se de passagem, dessa resposta: Jesus.
No capítulo 4 de Hebreus, entre os versos 14 e 16, encontramos uma das mais belas descrições sobre Jesus. Diz-nos o texto: “Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.”.
Que verdade maravilhosa e encorajadora! A esperança para pessoas pecadoras, fracas e ambíguas como nós está em nosso Sumo Sacerdote, a saber, em Jesus, o Filho de Deus. Primeiro, esse Sumo Sacerdote é grande. Se o sumo sacerdote judaico era apenas um homem, ele é também o Filho de Deus. Ele é Deus que se fez homem para levar o homem de volta a Deus. Segundo, esse Sumo Sacerdote adentrou os céus. Se o sumo sacerdote judaico entrava apenas no santo dos santos, uma vez por ano, ele adentrou os céus, de uma vez por todas. Não há mais necessidade de sacrificar animais para ser perdoado por Deus, pois o único sacrifício suficiente já foi feito, de forma última e definitiva, na presença de Deus e dos homens. Terceiro, esse Sumo Sacerdote pode compadecer-se das nossas fraquezas. O texto afirma que ele passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Ele identificou-se conosco em nossas fraquezas e compadece-se de nós em nossas necessidades.
Sabem o que isso significa? Isso significa que nenhum de nós é uma surpresa para Jesus, nosso Sumo Sacerdote. Quando ele derramou seu sangue sabia, exatamente, que tipo de pessoa estava comprando. Ele sabia que somos pecadores, sabia que somos fracos e sabia que somos ambíguos. E, apesar de nós mesmos, ele amou-nos e comprou-nos para si mesmo, a fim de transformar-nos à sua própria imagem.
Jesus é o caminho que faz-nos sair da crise de fé. Ele convida-nos a aproximarmo-nos do seu trono. Essa aproximação acontece a partir de qualquer situação quando os joelhos se dobram e os lábios se abrem. Quando decidimos por tal aproximação, o medo que outrora habitava-nos dá lugar à confiança. Somos tomados pela certeza de que tudo já está consumado! O nosso Sumo Sacerdote já fez a purificação última e definitiva dos nossos pecados. À medida que aproximamo-nos do seu trono, somos recebidos pela misericórdia e pela graça. Ele não retribui-nos conforme merecemos. Muito pelo contrário! Ele dá-nos exatamente o que não merecemos. Por fim, tendo chegado diante do trono, recebemos também toda a ajuda de que necessitamos para viver a vida. Pecados... acontecerão; fraquezas... serão experimentadas; ambiguidades... ainda farão parte da caminhada. Todavia, o Sumo sacerdote que assenta-se no trono estará no mesmo lugar, cheio de misericórdia e de graça, esperando sempre pela nossa chegada.
Está em crise de fé? Confie tão somente em Jesus, nosso Sumo Sacerdote. Ele é o caminho para você sair dessa terrível situação.
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Marcas e desafios...

O Foro Teologico Jueves foi considerado por muitos participantes como o ponto mais alto do CLADE V. Se não foi o mais alto, certamente foi o mais propositivo. O espanhol Juan José Tamayo, teólogo da libertação, foi convidado para analisar a FTL e a Teologia da Missão Integral. O que segue é um resumo de sua palestra.
Tamayo deu início à sua fala apresentado o que considera ser as três virtudes teologais
do ecumenismo ou da unidade cristã: a fé em Jesus de Nazaré, a esperança em seu Reino, e o amor a Deus e ao próximo. Tendo dito isso, dividiu a sua palestra em três partes.
Na primeira parte, Tamayo respondeu à pergunta: Como chegamos até aqui? Em uma frase, disse que a caminhada até aqui foi marcada pelo descobrimento de comunidades vivas, ativas celebrantes e festivas.
Na segunda parte, Tamayo respondeu à pergunta: Quais são as marcas identificadoras da FTL? Para ele, a FTL possui, pelo menos, nove marcas identificadoras. A primeira marca é a missão, entendida como o anúncio do Reino de Deus e sua justiça. A segunda marca é o compromisso como uma práxis que evidencie esse Reino. A terceira marca é a reflexão, o pensar a fé. Nesse pensar, três equívocos são evitados: o intelectualismo, que converte o cristianismo num projeto para sábios; o ativismo, que não deixa tempo para o exercício do pensamento; e o irracionalismo, que considera absurdo crer. A quarta marca é a plataforma de diálogo, entre distintos e distantes setores da igreja na América Latina. Para tal é necessário um deslocamento do pensamento único para o pensamento plural e das guerras religiosas para os encontros religiosos. As diferenças que aparecem não são motivos de enfrentamento e distanciamento, mas ocasiões de diálogos. A quinta marca é a hermenêutica bíblica contextual. Essa hermenêutica acontece num círculo: da Palavra de Deus à sociedade; da sociedade à Palavra de Deus. Ou, como dizia Carlos Mesters, num "Triângulo Hermenêutico", de pretexto, texto e contexto. A sexta marca é a herança. Tal herança conforma-se à tradição, mas olha para o futuro, motivada pela utopia ou esperança. A sétima marca é a Missão Integral da Igreja, realizada pelo discipulado integral. Integral é entendido como antônimo de parcial e sinônimo de integridade, tanto da mensagem quanto da vida. A oitava marca é o Espírito Santo, aquele que é o protagonista da missão da Igreja. A nona e última marca é a contextualização, referente à América Latina.
Na terceira parte, Tamayo respondeu à pergunta: Quais são os desafios para a Missão Integral no futuro? De maneira didática e dialética (sempre do negativo ao positivo), ele propôs dez desafios à igreja latino-americana. O primeiro desafio é responder à pobreza estrutural e aos movimentos de luta contra a pobreza. Desse desafio surgirá uma igreja solidária, uma igreja da libertação integral, uma igreja dos pobres. O segundo desafio é responder à globalização neoliberal excludente e à alter globlalização inclusiva. A alter globalização é um movimento que opõe-se aos efeitos negativos da globalização econômica. Desse desafio surge uma igreja contra hegemônica, um igreja contra imperial. O terceiro desafio é responder ao patriarcado e ao feminismo, como alternativa. Segundo ele, a igreja ainda é patriarcal na organização, na doutrina, na moral e na linguagem. Logo, o feminismo aparece como uma filosofia de igualdade e um movimento social de libertação das mulheres. Desse desafio surgirá uma igreja comunitária e fraterna, onde a mulher também seja sujeito. O quarto desafio é responder à destruição do meio ambiente e à consciência ecológica. Desse desafio surgirá uma igreja que não seja uma organização antropocêntrica, mas uma comunidade ecológica, comunidade que defenda os direitos da natureza. O quinto desafio é responder ao neocolonialismo e à descolonização das igrejas. Desse desafio surgirá uma igreja autóctone, uma igreja latino-americana. O sexto desafio é responder à uniformidade cultural e à interculturalidade. Desse desafio surgirá uma igreja universal, uma igreja intercultural. O sétimo desafio é responder ao fundamentalismo, instalado nas cúpulas, e ao diálogo inter-religioso e social. Desse desafio surgirá uma igreja em diálogo ecumênico, inter-religioso e social. O oitavo desafio é responder ao dogmatismo e à afirmação da ética. Conforme ele pensa, o dogma não pode sobrepor-se ao Evangelho e as verdades eternas não podem sobrepor-se à ética. Desse desafio surgirá uma igreja que recupere os símbolos, porque, como diz Paul Ricoeur, o símbolo dá de pensar, uma igreja que recupere a ética como teologia primeira, assim como Emmanuel Lévinas afirmava a ética como filosofia primeira. O nono desafio é responder à uniformidade e fragmentação, e ao pluralismo eclesiástico. Desse desafio surgirá um igreja plural, sem fragmentação, sem sem exclusão, sem excomunhão, sem inquisidores e sem hereges. O décimo e último desafio é responder às investigações científicas e à condenação à ciência. Desse desafio surgirá uma igreja em diálogo com a ciência e uma igreja que critique os abusos da ciência.
Tamayo finalizou sua fala destacando um palavra que considera mágica: utopia. Para ele, o Reino de Deus é a utopia de Jesus. Assim, ele deve estar em nosso horizonte como estava no de Cristo. É Reino de Deus como lugar de encontro entre transcendência e história; é Reino de Deus em defesa da vida; é Reino de Deus marcado por tensão entre presente e futuro, já e ainda não; é Reino de Deus como libertação dos pobres, dos excluídos e dos marginalizados.
Da palestra de Tamayo, destaco dois aspectos: um positivo e outro negativo. O positivo refere-se ao seu caráter propositivo da análise. O negativo refere-se à ênfase excessiva no chamado Diálogo Inter-Religioso.
Por fim, agradeço à provocação de Harold Segura, a quem dedico a ele esse breve resumo. Obrigado, mano!
Luiz Felipe Xavier.

domingo, 22 de julho de 2012

Conhecendo nosso Sumo Sacerdote

Conhecendo nosso Sumo Sacerdote

Hebreus 6:19 – 7:28

22 de julho de 2012

Luiz Felipe Xavier

Faça aqui o download da mensagem e esboço.

sábado, 14 de julho de 2012

Celebrar

A atitude do quinto e último dia do CLADE V foi "Celebrar". Assim como nos demais dias, começamos com cânticos de adoração e louvor ao nosso Deus. Celebramos, com muita alegria, o seu amor constante. Celebramos, com muitos abraços, a fraternidade produzida pela Trindade.
Antes da devocional, fomos saudados pelo representante do Conselho Mundial de Igrejas, que lamentou a negação de vistos às pessoas de alguns países que queriam participar do CLADE V e convidou-nos para a próxima assembléia, cujo tema é "Deus da vida, conduza-nos à justiça e à paz. Essa assembléia acontecerá em outubro, na República da Coréia.
A devocional de hoje foi dirigida por uma brasileira. Em João 21, encontramos a última refeição de Jesus com seus discípulos. Assim como a multidão teve fome (Cf. Jo. 6) os discípulos também tiveram fome. Esse texto é marcado por continuidade e mudança. Além disso, outros aspectos merecem destaque. O primeiro está relacionado ao espaço: os discípulos saem das casas para as ruas. O segundo está nos números: os sete discípulos representam todos discípulos. O terceiro está relacionado ao tempo: assim como Jesus ressuscita de manhã a missão dos discípulos é "ressuscitada" de manhã. Os dois momentos do texto são muito significativos. O chamado à missão é renovado em torno da mesa e a motivação da missão é purificada. Por fim, aprendemos que Jesus é o centro da missão, não nós mesmos e nossos próprios projetos. Quando Jesus é o centro da missão, a nossa presença no mundo passa a ser marcada pelo amor.
Toda a tarde foi ocupada pela assembléia geral da FTL e Jorge Henrique Barro foi re-eleito como presidente.
À noite, aconteceu a celebração de encerramento. Depois de um tempo de cânticos, René Padilla e Samuel Escobar foram homenageados pela vida dedicada e serviços prestados à Missão Integral. René Padilla falou sobre a sua história como um filme dirigido pelo próprio Deus. Samuel Escobar destacou o fato de que a América Latina precisa ser evangelizada, precisa submeter-se a Jesus como Salvador e Senhor. Destacou também a importância das igrejas locais como espaços onde os discípulos que engajarão-se na Missão Integral serão formados.
Depois dessa homenagem, a Carta Pastoral do CLADE V foi lida. Destaco as seguintes ênfases: a necessidade de seguir o Jesus dos Evangelhos; a urgência de uma missão transformadora; o Reino de Deus que manifesta-se no movimento que luta pela vida; a direção e o poder do Espírito Santo para denunciar a injustiça e proclamar a esperança; a promoção de um modelo de comunidade que reflita a Trindade; a edificação de comunidades de iguais; o chamado à seguir a Jesus em seu Reino de vida, guiados pelos Espírito Santo.
Tendo sido feita a leitura, ouvimos a voz de Jesus que disse-nos: "Se tu me amas, apascenta as minhas ovelhas".
Como é tradição em encontros da FTL, caminhando para o fim do congresso, todos nós participamos da mesa do Senhor. Comi do pão e tomei do vinho em companhia do Christian Gillis, meu amigo e pastor, e do Wilson Costa. Ceia na FTL é como na foto!
O momento seguinte foi marcado pela transição da secretaria executiva. Ruth Padilla passou o bastão para o amigo Marcelo Vargas. Em sua primeira fala como secretário executivo, este último ressaltou seu desejo de ser uma ponte entre hispanos e brasileiros. Desafiou-nos também a seguirmos adiante, amando a Jesus. A oração de posse do novo comitê diretivo foi feita pelo casal Arana.
O CLADE V foi encerrado com uma oração da irmã Dorothy, a primeira mulher a assumir uma posição de liderança na FTL. Ela orou especialmente pela nova geração que chega. Em seguida, catamos o hino do CLADE V e fomos todos despedidos com a bênção apostólica cantada pela Priscila Vargas.
Agradeço a Deus pelo privilégio de ter participado do CLADE V. Agora, é arrumar tudo e voltar para casa.
Luiz Felipe Xavier.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Responder

A atitude do quarto dia do CLADE V foi "responder". Começamos o dia com o seguinte convite: "Cantemos ao Senhor com alegria... Cantemos ao Senhor com alegria... Braço que nos salvou... Nos deu a vida...". Em meio a realidade de pecado que embaraça-nos fomos encorajados a mantermo-nos firmes na esperança.
A devocional da manhã foi dirigida pelo boliviano David Nacho. A partir de João 20:26-29, disse-nos que, diante do temor e da dúvida dos discípulos, Jesus aproxima-se e mostra-lhes sua graça. O que aconteceu aos discípulos acontece também a nós hoje. Desfrutamos da presença e da graça de Jesus. É graça sobre graça! Todo aquele que foi alvo da graça deve tornar-se canal da mesma. Essa graça, a qual temos acesso pela fé, conduz-nos à paz.
Depois do tempo de lanche, o cone sul começou sua apresentação. Os integrantes do grupo assentaram-se em meia lua e a dinâmica intercalou textos, música e poesia. Algumas idéias interessantes sobre o Espírito da Vida chamaram-nos à nossa atenção como Igreja: como Igreja, precisamos ser abertos aos que sofrem; como Igreja, precisamos desenvolver a cultura da humildade; como Igreja, precisamos estar cientes que nem toda missão é integral; como Igreja, precisamos discernir que o mundo mudou, desde que a Missão Integral foi proposta; como Igreja, precisamos perceber a limitação do antigo conceito de ação social e atualizá-lo; como Igreja, precisamos fazer com que a nossa piedade conduza-nos à generosidade; como Igreja, precisamos viver na tensão entre a experiência de morte e a esperança da vida; como Igreja, precisamos praticar a criatividade como dom de Deus; como Igreja, precisamos desfrutar da comunhão como inclusão (especialmente de mulheres, índios e crianças), etc.. A nós, restaram as seguintes questões: Como atua o Espírito Santo em nossos ministérios? Como pensamos que atuam os espíritos de morte em nossos contextos? Com relação às perspectivas de missão que desenvolvemos, quais são seus pontos fortes e fracos?
A manhã chegou ao fim com uma saudação do representante da Aliança Evangélica Mundial, com a premiação do livro "Refranes que cambian la vida" e com o anúncio de René Padilla sobre a elaboração do "Comentário Bíblico Contemporâneo".
Durante o almoço, a nova diretoria da FTL-B reuniu-se para planejar suas primeiras ações. A reunião foi marcada por grandes desafios e pela retomada de antigos projetos.
Após o almoço, mesmo sabendo que aconteceria do fórum teológico, optei por desfrutar da companhia de alguns novos amigos. Foi um tempo muito significativo. Tempo de abrir o coração e compartilhar a vida.
À noite aconteceu o "Painel do Mundo", dirigido pela Ruth Padilla. Cada participante deveria falar sobre a contribuição da Missão Integral e do CLADE V à sua vida e ao seu ministério. A representante da Inglaterra apontou a compreensão dos relacionamentos interpessoais como base para a missão. O representante da Romênia fez quatro considerações: que a Teologia da Missão Integral não é abstrata, mas nasce da realidade da vida; que o congresso foi marcado por um profundo senso de celebração do seguimento de Cristo; que é bonito ver todo o corpo de Cristo participando da missão; que o CLADE V foi caracterizado por um profundo senso de esperança. O representante da Jamaica disse que a América Latina está ajudando o mundo a re-descobrir a Missão Integral e que a comunidade evangélica está envolvida na compreensão do que, de fato, significa ser Igreja hoje. O representante da Filipinas afirmou que a igreja latino-americana já pode mostrar-se e dar-se ao mundo; que a Missão Integral precisa incluir um elemento de surpresa (dos prodígios às manifestações artísticas); que é necessário que sejamos modestos; e que, por diversas razões, a Filipinas é considerada a América Latina da Ásia. A representante da África, uma keniana que vive no Zimbábue, destacou a articulação de problemas comuns em uma só voz; o reconhecimento, por parte dos homens, do espaço das mulheres; e os pontos comuns entre África e América Latina (entre eles, colonizações, ditaduras e injustiça social).
Música, foto-poesia e pintura encerraram a noite do quarto dia.
Luiz Felipe Xavier.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Escutar

A atitude do terceiro dia do CLADE V foi "escutar". Como ontem, começamos com cânticos de adoração e louvor ao nosso Deus. Num mundo marcado pelos sinais do pecado somos convidados a escutar as palavras de Jesus, que convocam-nos ao serviço.
A devocional da manhã foi dirigida pela mexicana Alejandra Ortiz Chacón. Tendo como base João 20:21-25, falou-nos sobre a dúvida e o mistério. Os discípulos acabaram de ver o seu Mestre ser crucificado e sentem medo. Nesse contexto, Jesus aparece e fala sobre a sua paz. Não somente isso, mas em meio a dúvida e ao mistério, ele envia-os ao mundo para servi-lo. Assim como os discípulos foram enviados, nós também o somos. Para conhecer a nossa agenda missionária, precisamos observar, atentamente, a agenda de Jesus. Como ele sopra sobre os discípulos, fica evidente que a missão acontece apenas no poder do Espírito. Não somente por nossas palavras, mas, sobretudo, pela nossa vida, sinalizaremos o Reino de Deus no mundo marcado pelos sinais do pecado. Logo, é no ambiente da ambigüidade da vida que o discipulado se desenvolve e a esperança se renova.
Após o tempo de lanche, a região andina começou sua apresentação. Com vídeos, denunciou uma economia de mercado que sacrifica a vida dos mais pobres e destrói o planeta. Durante a leitura do documento, o Reino de Deus no Novo Testamento foi identificado com a paz do Antigo Testamento, paz que traduz-se em bem estar geral. O Reino deve ser a chave hermenêutica da Missão Integral e Jesus deve ser a chave hermenêutica do Reino. O Reino deve formular a utopia e a sua pedagogia deve dar-se pela prática dos seus próprios valores. O Reino é maior que a Igreja e o crescimento numérico da Igreja nem sempre corresponde a expansão do Reino. O Reino expande-se quando as realidades de morte do anti-Reino são transformadas.
Esta rica manhã foi encerrada com uma bela apresentação musical do "Movimento juntos com as crianças e com a juventude", muito parecido com o "Bola na Rede", da RENAS. Em homenagem ao trabalho realizado no Brasil, Jorge Henrique Barro e Ruth Padilla foram vacinados contra os maus tratos. Não somente eles, mas muitos outros presentes no auditório.
Depois do almoço, participei de outra consulta. Desta vez, sobre "Herança histórica e missão: a importância de aprender do nosso passado para afirmar nossa identidade.". Essa consulta foi organizada pelo grupo de pesquisa sobre história do protestantismo latino-americano. A primeira exposição foi sobre a literatura evangélica publicada na América Latina, na primeira metade do século XX". A segunda exposição foi sobre uma "Leitura histórica do protestantismo no Brasil". Acerca dessa temática, Lyndon destacou que há três tipos de história: A primeira é aquela inventada pelas igrejas e pelas denominações. A segunda é aquela marcada pelas tipologias sócio-hostóricas da academia. A terceira é aquela produzida com caráter metodológico. A primeira obra desse terceiro tipo de história foi de Emile Leonard. A terceira e última exposição foi sobre o processo de indigenização do protestantismo na América Latina.
À noite, Luciano Jaramillo começou dizendo-nos que servimos a um Deus que interessa-se pelo ser humano integral. Tomando como referência a vida de Moisés, apresentou-nos sete diaconias (serviços): diaconia sócio-política (libertação), diaconia da luta, diaconia das necessidades vitais, diaconia do fazer comunidade (incluindo a capacitação de lideranças), diaconia do conselho, diaconia da oração, diaconia da Palavra.
Dando continuidade à programação da noite, Cesar Carhuachin denunciou todo e qualquer tipo de linguagem discriminatória, linguagem que é institucionalizada e sancionada pela cultura. Além disso, sugeriu a adoção de uma linguagem libertadora, linguagem que produzirá uma consciência social inclusiva.
Em seguida houve o reconhecimento dos pioneiros da teologia hispana nos Estados Unidos. Dentre eles, Orlando Costas. O programa do terceiro dia foi fechado com uma boa música e uma bela dança da Rebeca.
A cada instante percebo melhor a importância do tempo que passei com a juventude da Redê em La Paz, Bolívia, para o meu aproveitamento do CLADE. Deus é bom!
Luiz Felipe Xavier.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Agradecer

A atitude do segundo dia do CLADE V foi "agradecer". Começamos com cânticos de adoração e louvor ao nosso Deus. Agradecemos a Jesus, por aproximar-se de nós e convidar-nos a seguí-lo.
A devocional foi realizada por Pedro Arana. Agradecemos a Deus pela fé que ele mesmo nos deu. Fé que leva-nos ao genuíno arrependimento, nos transformando. O texto de João 20:11-20 apresenta-nos o choro de Maria. Assim como ela, podemos chorar por nosso sofrimento. A passagem não termina com pranto, mas com a boa notícia de que Jesus vive. Logo, à partir desse fato, não há situação de morte que não possa ser transformada em nossa vida. Por fim, Pedro Arana disse-nos que a fé eficaz é aquela que busca responder às questões relacionadas ao seu próprio contexto, à luz da Palavra de Jesus.
Depois do lanche da manhã, a região Brasil começou sua apresentação com uma breve introdução feita pelo Wilson, seguida de um vídeo da campanha "Bola na Rede", promovida pela RENAS. Embalados pela viola do Carlinhos, cantamos músicas que nasceram da realidade brasileira. Leandro, de Felipe Camarão, contou-nos o que Deus tem feito em Natal, Rio Grande do Norte. Poema e música antecederam a leitura do documento produzido pela FTL-B, por Robinson, Clemir e Yokimi. A grande questão à qual esse documento pretende responder é: Como seguir a Jesus num contexto marcado por individualismo egoísta, espiritualismo personalista, produtivismo predatório e corrupção cínica? A resposta proposta é: seguindo, radicalmente, seu modelo de serviço encarnacional. Isso porque a missão da igreja é uma extensão da missão de Cristo. Como não poderia ser diferente, a delegação brasileira encerrou sua participação com samba e oração, esta última, feita pela Morgana.
A leitura de uma saudação do CELAM e a apresentação da Eco Biblia fecharam as atividades da manhã.
Após o almoço, participei de uma consulta intitulada: "Jovens protagonistas da transformação". Nessa consulta, contei com a companhia do Thiago, Joabe, Klênia, Morgana e Rebeca (Bolívia). A metodologia adotada refletiu a situação mesma da grande maioria dos nossos jovens: fragmentação. Muitos diagnósticos e poucos prognósticos. Dentro desses diagnósticos, um que preocupa: uma hermenêutica inclusiva fortemente relativista.
À noite, a apresentação ficou por conta da América Central e Caribe. Mauricio Rojas propôs uma retomada da hermenêutica contextual. Afirmou também que não podemos conhecer a Jesus a partir de nós mesmos, mas a partir dele mesmo. Nesse processo, não podemos confundir o mapa com o território, não podemos viver convencidos de que temos o melhor mapa e não podemos crer que o território não muda. Só conheceremos a Deus na vida, na prática da sua Palavra. Disse ainda que a liturgia não pode restringir-se à forma e que para testemunhar de Jesus precisamos identificar-nos com o outro.
Após um impactante vídeo sobre os sinais do Reino nessa região, Sidney Rooy testemunhou sobre seu trabalho junto às vítimas de minas de terra. Milhares de carrinhos já foram distribuídos em 18 países da América Latina e Caribe, e em 92 países do mundo, possibilitando qualidade de vida aos beneficiados.
Dança, poesia e muita música marcaram a noite. Uma, em especial, reflete, muitas vezes, a minha pessoa: "Eu pensei correr de mim... mas aonde eu ia eu tava... quanto mais eu corria... mais pra perto eu chegava...". O programa do segundo dia foi fechado ao som da salsa.
Grato e cansado, peço a Deus que renove as minhas forças para amanhã.
Luiz Felipe Xavier.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Recordar

O tema do CLADE V é "Sigamos a Jesus em seu Reino de vida! Guia-nos Espírito Santo! A atitude proposta para o primeiro dia foi "recordar". Assentados em mesas para oito pessoas, mais de 700 irmãos e irmãs da América Latina, do Caribe e de outras partes do mundo recordaram a história e o legado dos CLADE's. Tudo começou com músicas e danças, num cenário multi-colorido. Cantamos juntos, em espanhol, dentre outras canções, uma composta especificamente para esse congresso. Fiquei emocionado quando, em português, a Priscila Vargas ajudou-nos a orar cantando... "Eu quero ser um vaso novo...".
O congresso foi aberto pelo brasileiro Jorge Henrique Barro, atual presidente da FTL continental, não sem antes relembrar, brevemente, a história e missão dessa instituição mais de 40 anos. Tendo como base o tema do CLADE V, afirmou também que todos somos discípulos de Jesus, todos somos agentes do Reino de Deus e todos somos dependentes do Espírito Santo.
Logo em seguida, os integrantes de cada mesa se apresentaram. Estou na mesa 29, com dois nicaragüenses, um equatoriano e um mexicano. Enquanto essa apresentação acontecia, alguns irmãos tomavam assento no palco: Mervin Breneman, Pedro Arana, Juan Stam, René Padilla, Sidney Rooy, Samuel Escobar e Valdir Steuernagel. Entrevistados por René Padilla, cada um contou o que mais apreciou nos CLADE's que participou. Particularmente, fui tocado por uma frase de Pedro Arana: "A fidelidade a Cristo começa com a fidelidade à igreja local.". Por fim, recordamos, tristes, a ausência de irmãos que o Senhor chamou para si. Destaco os nomes de Péricles Couto, Robinson Cavalcanti e José Miguez Bonino. Este último teve um de seus livros recomendados à nova geração: Rostos do protestantismo latino-americano.
Depois desse momento, Ruth Padilla lembrou-nos que a utopia está no horizonte. Essa utopia faz-nos andar e precisa, constantemente, ser iluminada pelas Escrituras. Lembrou-nos também que a FTL existe para fazer reflexão teológica contextualizada, à serviço da Igreja, para auxilia-la em sua missão. Lembrou-nos ainda que necessitamos de discipulado radical e não de adesão nominal.
Fechando o programa do primeiro dia, Carlinhos Veiga e Priscila ajudaram-nos a recordar, cantando, parte da nossa utopia ou, como prefiro, esperança: "Braços levantados livres do mal... Igualdade e justiça haverá... Já não haverá morte ou guerra... Novo céu e uma nova terra... Eu desejo tanto ver o dia chegar...".
Meu coração está muito grato à Deus. A história que eu lia incluiu-me e isso é fantástico!
Luiz Felipe Xavier.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Na expectativa do CLADE V


No último feriado de Corpus Christi, a Fraternidade Teológica Latino-Americana – Setor Brasil (FTL-B) reuniu-se no acampamento da Mocidade para Cristo (MPC), em São Sebastião das Águas Claras (cidade próxima a Belo Horizonte), para sua consulta nacional.
A palavra de abertura foi dada pelo Carlinhos Veiga. Dentre outras coisas, destacou que, nestes três últimos anos, um dos grandes avanços da FTL-B foi a abertura de novos núcleos. Logo em seguida, falou o Jorge Barro. Tendo como base o Evangelho de Marcos, enfatizou que o seguimento de Jesus implica em serviço, sofrimento e morte.
A programação prosseguiu com uma mesa sobre a atual conjuntura brasileira. Lyndon, Clemir e Welington destacaram o clima de euforia e ufanismo pelo crescimento econômico nacional (Brasil como sexta economia do mundo), a agenda conservadora de um governo dito de esquerda, a má distribuição de renda, a corrupção indiscriminada, a grande arrecadação sem um investimento proporcional em políticas públicas, a violência contra a mulher, a discussão sobre o Novo Código Florestal, realização da Rio + 20, a criação da Comissão Nacional da Verdade, a preparação para a Copa do Mundo de 2014 e a expectativa acerca do senso religioso de 2010.
Na noite desse primeiro dia, Júlio Zabatiero falou sobre lugares e modos da Teologia. Depois de afirmar que Teologia não é doutrina, missiologia e ciência da religião, propôs que a mesma deve ser edificante (ambiente da igreja), profética (ambiente da sociedade), testemunhal (ambiente do mundo cotidiano) e cognitiva (ambiente da academia). Ouvimos tudo, cada um reteve o que considerou bom e assim chegamos ao fim do primeiro dia.
O segundo dia começou com o devocional do Ricardo Barbosa. Ele lembrou-nos que o Reino de Deus encontra-se dentro de nós e que todos nós precisamos orar. Orar não para apresentarmos o nosso mundo a Deus, mas para entrarmos no mundo de Deus. Nesse caminho em direção ao mundo de Deus, a oração que Jesus nos ensinou é o mapa que indica-nos o caminho certo a seguir.
Depois do Ricardo Barbosa, o Ariovaldo Ramos falou sobre o Reino de Deus e a justiça hoje. Distinguindo entre Reino de Deus, que é o que Deus sustenta, e reinado de Deus, que é onde a vontade de Deus é realizada, ele afirmou que toda criatura tem o direito de viver à altura da sua dignidade. Isso é justiça! Ou seja, justiça é tudo para todos e todos com tudo. Simples assim!
Ainda pela manhã, tive a oportunidade de conduzir um momento maravilhoso de testemunhos de Missão Integral. Por intermédio da Gleydice (da ACEV), ouvimos o que Deus tem feito na Paraíba. O Leandro (da ALEF) contou-nos o que Deus tem realizado no Rio Grande do Norte. Por meio do Rafael, escutamos boas novas sobre a ação de Deus em Guarapari, no Espírito Santo. E, finalmente, fomos desafiados pela Lucy a envolver-nos na campanha Bola na Rede, contra a violência e exploração sexual de crianças. Muito animados e cheios de esperança, assentamo-nos ao redor da mesa para almoçarmos juntos.
Após o almoço, tivemos assembléia. Ouvimos o relatório da antiga diretoria e elegemos a nova: Lyndon, Carlinhos, Lucy, Wilson e eu. Que privilégio! Que responsabilidade! Peço a Deus que, à semelhança de Jesus, usemos o poder a nós concedido para servir ao maior número de pessoas possível. À noite, depois da tempestade e do jantar, houve uma reflexão sobre a questão ambiental, seguida de apresentações artísticas. Infelizmente, devido aos compromissos pré-agendados, não pude estar presente.
O terceiro dia começou com a primeira reunião da nova diretoria. Dentre outras coisas, decidimos que a consulta nacional de 2013 acontecerá também no feriado de Corpus Christi, em Salvador, Bahia. O último devocional ficou sob a responsabilidade de duas mulheres: Lucy e Any. A primeira apresentou duas marcas que todo discípulo de Jesus deve ter: sensibilidade e resistência (Che Guevara dizia: “Ternura e Firmeza”). A segunda ressaltou a importância do lembrar e fez a seguinte pergunta: “O que deixaremos de memória para a próxima geração?”.
Logo em seguida, a nova diretoria tomou posse e Carlos Queiroz pregou sobre o seguimento de Jesus. Partindo do pressuposto que a mais plena revelação de Deus é Jesus Cristo de Nazaré, ele desafiou-nos a seguir esse Jesus nos espaços de risco e nas comunidades carentes; a seguir esse Jesus no cuidado integral, especialmente do corpo; a seguir esse Jesus no processo de escuta (discernimento) e de obediência à vontade dele; a seguir esse Jesus no modo de fazer política (hierarquia invertida) e de relacionar-se socialmente (amplitude); a seguir esse Jesus não tendo como referencial a realidade de mercado (Mamom e a “Ideologia da Prosperidade” X simplicidade e contentamento); a seguir esse Jesus transitando nos espaços religiosos, porém, não restringindo-se a eles; e a seguir esse Jesus no processo de humanização profunda da existência. Para tal seguimento, ele sugeriu três caminhos: primeiro, receber as crianças; segundo, receber os necessitados; e terceiro, receber pequeninos (os que são grandes e fizeram-se pequenos).
Chegando ao fim, dois momentos foram muito marcantes. O primeiro momento foi o de compartilhar os azedos e doces da vida. Como ensinado pelo Novo Testamento, aproveitamos o espaço de culto para praticar os princípios de mutualidade ou mandamentos recíprocos. O segundo momento foi o de participar da ceia do Senhor. Em torno da mesa, comemos do pão e bebemos do vinho, recordando o sacrifício do Cordeiro de Deus em nosso lugar. Que tempo maravilhoso!
Faltam exatamente uma semana para o CLADE V. A inscrição está feita, as passagens estão compradas e o hotel está reservado. A expectativa é grande. Que Deus nos dê um tempo igualmente maravilhoso em San José, Costa Rica!
Luiz Felipe Xavier.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Soli Deo Gloria


A Bíblia é, basicamente, uma história sobre Deus e sobre sua glória. Essa história começa com a criação do mundo e da humanidade. O reformador João Calvino diz que a criação é o teatro da glória de Deus. Deus cria o homem à sua imagem e semelhança para que este o adore. Mas, esse homem peca contra Deus. Logo, Deus começa a executar um projeto para a salvação de toda humanidade e de toda a criação.
Em Gn. 12:1-3, Deus chama Abraão e faz-lhe uma promessa: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei (...) e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados.”. Quando chega a Siquém, sua primeira parada, Abraão toma uma atitude missionária. Ali, ele estabelece a adoração pública a Deus. Por causa da sua contínua adoração, Abraão torna o nome de Deus conhecido. O mesmo acontece com Isaque e com Jacó.
No Êxodo, Deus revela sua glória ao mundo. Ele é exaltado acima dos falsos deuses (idolatria) e das opressivas estruturas (escravidão) do Egito. Por Faraó não levar em conta as palavras de Moisés, Deus envia 10 pragas sobre o Egito e, depois da maravilhosa travessia do Mar Vermelho, a primeira atitude de Moisés e de todo o povo é a adoração a Deus.
Pouco tempo depois, o povo chega à Cades-Barnéia, na fronteira de Canaã. Moisés envia doze espias para reconhecer a terra e dez voltam com medo dos seus habitantes, influenciando todo o povo à rebelião contra Deus e contra o próprio Moisés. Assim, Deus decide destruir o povo e começar um novo povo a partir de Moisés. Diante dessa decisão, Moisés ora a Deus e Deus perdoa o povo, mas não permite que aquela geração conquiste a terra (exceto Josué e Calebe). O mais interessante nessa história é o argumentação de Moisés com Deus: O que as nações dirão do seu nome se você destruir o seu povo?
Décadas depois, o povo conquista Canaã. Essa conquista tem um duplo propósito. Primeiro, recompensar a maldade das nações da terra e cumprir a promessa feita aos patriarcas. Segundo, aniquilar a idolatria das nações. Assim sendo, a conquista acontece por causa da adoração e para a glória de Deus.
A história segue, os juízes governam e, depois, os reis governam. Quando Davi governa, ele decide construir um templo a Deus. Porém, como Davi derramou muito sangue, Salomão é quem constrói e dedica o templo ao Senhor. Na oração de dedicação, ele diz que o templo seria o lugar onde Deus ouviria e responderia ao seu povo e também às nações.
Pouco tempo depois do templo ser construído, a Rainha de Sabá fica sabendo da fama de Salomão, com respeito ao nome do Senhor e vai a Jerusalém para ouvir sua sabedoria. O mais importante é que ela volta para casa com o conhecimento do Deus que guarda sua aliança e ama a Israel para sempre. A Rainha de Sabá e todo o mundo procurava ir ter com ele para ouvir a sabedoria que Deus lhe pusera no coração. Todavia, quando tudo parece transcorrer bem, o povo começa praticar a idolatria. Infelizmente, é o próprio Salomão que abre o caminho para essa prática.
Após a morte de Salomão, o reino é dividido. A partir deste momento, a história bíblica passa a registrar uma longa batalha, cheia de altos e baixos, contra a idolatria. O resultado da idolatria é a destruição do reino do norte, pelos assírios, e o cativeiro do reino do sul (inclusive do templo), pelos babilônicos.
Quase setenta anos depois, ainda no cativeiro, Daniel ora, pedindo a Deus que cumpra a promessa de restaurar o povo, a cidade e o templo. Essa restauração seria também a restauração da glória do nome de Deus. Daniel pede a Deus que, por amor a si mesmo, restaure o seu próprio nome.
De volta a Jerusalém, a prioridade do povo foi reedificar os muros e o templo. Ageu deixa claro que o templo é para a glória de Deus. Depois do exílio, Israel abandona a idolatria e passa a esperar, com grande expectativa, a vinda do Messias.
Em Cristo, a história de Deus e de sua glória chega ao seu clímax. Jesus resume seu ministério à glorificação do Pai. Isso fica evidente através de três exemplos. O primeiro é a oração do Pai Nosso. Santificar o nome do Pai implica colocar em ordem o caos provocado pelo pecado. O segundo exemplo é o encontro com a mulher samaritana. Adorar em espírito e em verdade implica desnacionalizar e desgeografizar da adoração. O terceiro exemplo é a purificação do templo. Expulsar os negociantes do templo implica restaurar o seu propósito, a saber, ser casa de oração para todas as nações.
Depois de convertido à fé cristã, Paulo alinha sua vida e apostolado ao verdadeiro propósito de Israel e de Jesus: fazer com que Deus receba a adoração de todas as nações. Para ele, o propósito de Deus para os eleitos é a glória; e a glória é ser conformado à imagem de Jesus. Todavia, isso só é possível porque o próprio Cristo habita nesses eleitos.
Aqui vale destacar uma importante novidade. No Antigo Testamento, a glória vem sobre (monte, templo). No Novo Testamento, a glória está em (nós). Nós refletimos a glória de Deus, à medida que, pela graça, vivemos de forma coerente com o Evangelho.
Por fim, o Apocalipse apresenta o cumprimento do propósito de Deus ao longo de toda a história. João vê uma multidão de pessoas, de todas as etnias da terra, glorificando a Deus com as seguintes palavras: “A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro.” (Ap. 7:10). O mais impressionante é que, no fim da história, Deus mesmo habitará entre os homens salvos de todas as nações e será o seu Deus.
Que a paixão por Deus e por sua glória na adoração leve-nos a apresentação de Deus e de sua glória na pregação!
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.