sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

JESUS NASCE AQUI TAMBÉM

O Advento é tempo de grande expectativa, tempo de aquietar a alma e de meditar sobre o maior de todos os acontecimentos: a entrada de Deus na nossa história. Na nossa comunidade de fé, temos a tradição de celebrar o início do Advento com o musical das crianças. Este ano não foi diferente. Os nossos meninos e meninas contaram e cantaram como seria o Natal Brasileiro. Já caminhando para o fim, uma música ecoou de modo especial no meu coração e me levou às lágrimas. Em ritmo de samba, as crianças cantaram bem alto:

Sim, é Natal
Vida e alegria estão no ar
Eu quero lhe dizer
Que isto é pra você

O Menino Jesus que traz sua luz
Pra encher o mundo de paz
Nasceu e ensinou o valor do amor
Entre nós!

Mesmo longe de Belém
Sua vida chega aos nossos corações

Brasil! Vem Comemorar porque Jesus
Nasce Aqui Também

Brasil! Vem Comemorar porque Jesus
Nasce Aqui Também

Confesso que não sei se cantei ou orei estas últimas palavras. Acho que fiz as duas coisas: cantei orando e orei cantando. De lá para cá, no espírito do Advento, releio o início do Evangelho de Lucas. Ali, como as crianças cantaram, percebo que o Natal é tempo de grande alegria, tempo de celebrar a pessoa de Jesus e o Reino inaugurado por ele.
Certamente, a alegria é uma das grandes ênfases dos dois primeiros capítulos do Evangelho segundo Lucas. João Batista, o precursor do Salvador, será motivo de alegria para Zacarias, seu pai, e para muitos (1:14). Na anunciação, as primeiras palavras do anjo Gabriel a Maria são: “alegrem-se, agraciada” (1:28). Quando Maria saúda Isabel, o bebê João Batista agita-se de alegria ainda no ventre (1:44). Quando este nasce, vizinhos e parentes se alegram com sua mãe (1:58). E quando Jesus nasce, o anjo do Senhor traz boas novas de grande alegria a simples pastores de ovelhas (2:10).
Dentre tantas menções à alegria, uma chamou a minha atenção de modo especial: a do Magnificat. Depois do encontro com Isabel, Maria canta: “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (1:48). Maria canta porque Deus atenta para a sua humildade. Agora, ela é bem-aventurada, é feliz. Maria canta porque reconhece que Deus é misericordioso. Essa misericórdia se estende de geração em geração. Maria canta porque Deus realiza poderosos feitos na história. Como sinais do Reino que Jesus inaugurará, ela destaca que os soberbos são dispersos, que os poderosos são derrubados, que os humildes são exaltados, que os famintos são saciados, que os ricos são despedidos de mãos vazias e que as pessoas são ajudadas.
Jesus nasceu e inaugurou esse Reino. Logo, tudo isso que alegrou o coração de Maria pode alegrar o nosso coração também. Porque o Reino de Deus já está presente em nós e entre nós, a realidade na qual vivemos pode ser transformada. É como as crianças cantaram! Porque o menino Jesus nasceu, a tristeza dá lugar à alegria. Alegria que fortalece todo o nosso ser. A morte, por sua vez, dá lugar à vida. Vida nova e constante novidade de vida. Sim, esta é uma realidade possível a todos e a cada um de nós! Jesus traz sua brilhante luz para quem se encontra em densas trevas. Ele é capaz de encher o nosso mundo de paz. Paz que só pode ser experimentada como produto da justiça pessoal e social. Acima de tudo, Jesus veio para nos ensinar a amar. Amar a Deus amando as pessoas. Amar tanto aqueles que julgamos amáveis quanto aqueles que julgamos não amáveis. Simplesmente amar!
É Natal! Alegremo-nos! O mesmo Jesus que nasceu em Belém nasce aqui no Brasil também.

Luiz Felipe Xavier.