segunda-feira, 15 de outubro de 2018

CHOCADO

Esta é a palavra que traduz o meu sentimento neste momento.

A quantidade de votos que o Bolsonaro recebeu é impensável e inimaginável.

Até pouquíssimo tempo atrás, quem pensaria e imaginaria que alguém como ele poderia ser votado por tanta gente?

...

Ao longo do primeiro turno das eleições, conversei com muitas pessoas.

Muitas destas conversas foram com eleitores do Bolsonaro.

Por incrível que pareça, não conheço uma pessoa sequer que votou nele por ele mesmo e por suas propostas.

NENHUMA!

A razão é óbvia!

Ele é um ser humano repugnante e não tem a menor capacidade propositiva, exceto para o que mau.

Então, por que tantas pessoas votaram e, possivelmente, votarão no Bolsonaro?

Seria por um enlouquecimento geral?

Quem sabe por um entorpecimento coletivo?

Todas as pessoas com as quais conversei votaram no Bolsonaro por DUAS RAZÕES.


A primeira, e a mais forte, é o ANTI-PETISMO.

Antes que você me pergunte, já te respondo: não, no primeiro turno, não votei no Haddad.

Não sou petista.

Mas também não sou anti-petista.

Isso é possível!

Você pode acreditar!

Consigo discernir as contradições e os equívocos do PT.

Talvez, o que me diferencie de um eleitor anti-petista do Bolsonaro é que consigo reconhecer os acertos e as transformações promovidos pelos governos petistas.

Considerando que a corrupção no Brasil é sistêmica e abrangente, honestamente, penso que o PT no poder mais acertou do que se equivocou.

Embora você possa discordar de mim, e te respeito, a história e os números comprovam esta minha consideração.

Tenho para mim, que O ANTI-PETISMO TRANSFORMOU-SE NO MAIOR ÍDOLO DA CULTURA POLÍTICA DO NOSSO PAÍS.

Um ídolo muito sútil, às avessas.

No altar do anti-petismo, sacrifica-se a razão e o bom senso.

Sacrifica-se a história e a memória.

Para nós, cristãos, sacrifica-se a consciência e os valores do Evangelho de Jesus Cristo de Nazaré, especialmente o amor.

Se este ídolo não for profanado nos próximos dias, possivelmente, o que nos esperará serão tempos terríveis.

Dias de injustiça, de violência e de tristeza.

Dias de moralismo, de misoginia, de racismo, de xenofobia, de autoritarismo e de muitas outras mazelas.


A segunda razão é o DISCURSO DA MORAL E DOS BONS COSTUMES.

Por que discurso?

Porque de moral e de bons costumes, que são excelentes, o Bolsonaro não tem absolutamente NADA.

Ele admira ditadura, homenageia torturador, encoraja assassinatos, rebaixa mulheres, deseduca crianças, injuria negros, despreza indígenas e ofende homossexuais, entre outras coisas mais.

Diante disso, alguns dos seus pouquíssimos discursos com os quais qualquer pessoa poderia concordar soam como uma grande HIPOCRISIA.

O Bolsonaro é um ser que DESTILA ÓDIO E BLASFEMA CONTRA O SANTO NOME DE DEUS.

Certamente, o deus que ele declara estar acima de todos não é o Deus da Bíblia.

Isso sem falar que ele representa a perda da soberania nacional, dos direitos sociais, etc..

...

Que Deus, em tempo, nos dê ocasião de ARREPENDIMENTO!

Que o Brasil, de modo geral, e a igreja de modo específico, se arrependam!

Se por misericórdia e graça, não formos governados pelo Bolsonaro, que dê também ao PT ocasião de arrependimento!

Que o PT se arrependa da corrupção que praticou, dos apoios indevidos que deu, de algumas pautas que defendeu e, principalmente, das oportunidades que perdeu!

Que assim seja!

Luiz Felipe Xavier.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

TRANSFORMANDO GANÂNCIA EM GENEROSIDADE

Jesus é um mestre que conta muitas parábolas. Em Lucas 12:13-21, ele conta a Parábola do Rico Insensato. Nessa parábola, Jesus nos ensina que precisamos ficar de sobreaviso contra todo tipo de ganância, pois a nossa vida não consiste na abundância dos nossos bens. Logo, fica evidente que Deus deseja que desenvolvamos uma relação saudável com os bens materiais. Para tal, precisamos considerar três advertências.

A ganância é uma enfermidade espiritual

Jesus está cercado por uma multidão. No meio dessa multidão, alguém diz: “Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo”. Espera-se de um mestre tanto o conhecimento da lei quanto os pareceres legais. E Jesus responde: “Homem, quem me designou juiz ou árbitro [melhor seria “partidor”] entre vocês?”. Semelhantemente, espera-se do juiz uma sentença e do partidor a execução dessa sentença. Assim, voltando-se para os demais presentes, Jesus declara: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens”. Este é o princípio espiritual que será ilustrado pela Parábola do Rico Insensato. Todos sabemos que a ganância é o desejo ávido e insaciável de ter sempre mais. Assim sendo, a advertência de Jesus é exatamente contra esse desejo. Isso porque a ganância é uma enfermidade espiritual terrível. Naquele contexto, a expressão “Tomem cuidado!” era utilizada para os cuidados médicos. Por exemplo: “Tomem cuidado com os leprosos!”. Aqui surge uma importante pergunta: por que é necessário afastar-se ou proteger-se da ganância? A resposta de Jesus é muito clara: porque a vida que realmente importa não consiste na quantidade de bens que se acumula.
Uma vez que estamos em uma zona de epidemia de ganância, precisamos tomar muito cuidado. A mensagem do nosso entorno é: trabalhe mais, ganhe mais, acumule mais, consuma mais e finalmente você será reconhecido como alguém bem sucedido. O problema é que se vivermos nesta pegada, jamais nos realizaremos e jamais nos pacificaremos. Isso porque de duas uma: ou estaremos inquietos para adquirir coisas novas ou estaremos enjoados das coisas que já adquirimos. Mais cedo ou mais tarde, precisaremos decidir a quem daremos razão: à mensagem do nosso entorno, que é ilusão e morte, ou à mensagem de Jesus, que é realidade e vida.

A acumulação para si mesmo é o sinal dessa enfermidade

Tendo anunciado o princípio espiritual, agora Jesus o ilustra. Para tal, ele lança mão da Parábola do Rico Insensato. Ele diz: “A terra de certo homem rico produziu muito. Ele pensou consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde armazenar minha colheita’. “Então disse: ‘Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens. E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’. “Contudo, Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?’”. Consideremos a breve estória que a parábola descreve. A terra produz por si mesma. O dono dessa terra é um homem rico. Ele já tem e ainda terá mais do que o suficiente para viver. A perspectiva de ter ainda mais lhe traz um problema: o que fazer com o excedente? As duas alternativas são: acumular ou partilhar. O homem rico faz opção de acumular. Então, a acumulação para si mesmo é o sinal da enfermidade. Ele quer proteger e desfrutar os seus bens, quer segurança e bem estar. Mas Deus declara que a opção de acumular é uma expressão de loucura. É loucura porque o homem rico não tem domínio sobre a própria vida. Embora em nossas traduções não seja evidente, no texto original, Lucas brinca com as palavras de Jesus. Sobre isso, Kenneth Bailey comenta: “(...) aqui este homem rico, que acha que a sua euphoreo (abundância de bens) produzirá euphron (a vida boa), na realidade está aphron (sem mente, espírito e emoções). A sua fórmula para a boa vida é estupidez crassa.”.
Quando acumulamos riquezas, estamos em busca de segurança e de bem estar. Porém, Jesus nos chama de loucos. É loucura confiarmos mais em nossos bens materiais do que em nosso Deus. É loucura pensarmos que, porque temos muitos recursos financeiros, podemos controlar o nosso futuro. É como nos alerta o Eclesiastes: “Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos. Isso também não faz sentido.” (Ec. 5:10).

A partilha com o próximo é o tratamento dessa enfermidade

Depois de anunciar e ilustrar o princípio espiritual, Jesus conclui com as seguintes palavras: “Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus”. Aqui, ele aprofunda o princípio espiritual. Guardar para si riquezas já sabemos o que é. Agora, o que é ser rico para com Deus? Jesus não explica. Só descobrimos o que é ser rico para com Deus quando discernimos o contraste presente no texto. Ou seja, ser rico para com Deus é o oposto de acumular para si riquezas. Portanto, ser rico para com Deus é partilhar o que se tem com o seu próximo. A partilha com o próximo é o tratamento da enfermidade. Paradoxalmente, quem partilha é rico.
Ouvindo atentamente essas palavras de Jesus, descobrimos que a ansiedade e a ganância são dois lados da mesma moeda. Por ser alguém que deseja controlar o futuro, o ansioso dá lugar à ganância e acumula para si riquezas. Além disso, descobrimos que a fé e a generosidade também são dois lados de outra moeda. Por ser alguém que descansa no cuidado amoroso de Deus, o crente dá lugar à generosidade e partilha o que tem com o seu próximo. Por fim, precisamos responder: estamos guardando riquezas ou sendo ricos para com Deus?

Que Deus nos ajude a ser cada vez mais ricos para com ele!

Luiz Felipe Xavier.