quarta-feira, 6 de março de 2019

A QUE COMPARAREMOS O REINO DE DEUS?


Certa vez, Jesus contou duas parábolas: a do Grão de Mostarda e a do Fermento (Lc. 13:18-21). Essas duas parábolas tratam do Reino de Deus. Em poucas palavras, o Reino de Deus é o governo de Deus. Deus governa de direito sobre toda a sua criação e de fato sobre tudo e sobre todos aqueles que estão sob a sua vontade. Logo, o Reino de Deus já está presente em nós e entre nós, mas ainda não em sua plenitude. A boa notícia é que esse Reino está acessível a todos que se arrependem e creem. Em quase tudo, os valores do Reino de Deus são opostos aos valores dos reinos deste mundo. É por isso que aqueles que entram nesse Reino são transformados e recebem a missão de transformar o seu entorno. Assim, mesmo que não percebamos, o Reino de Deus está crescendo. Nas parábolas do Grão de Mostarda e do Fermento, encontramos dois aspectos desse crescimento.

O crescimento do Reino de Deus é grandioso.

Este é o princípio espiritual da Parábola do Grão de Mostarda. Nessa parábola, Jesus compara o Reino de Deus ao grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. No relato de Lucas, Jesus estabelece apenas um contraste entre o pequeno e o grande. Um grão de mostarda cresce e se transforma em uma árvore. Tanto no mundo judeu quanto no mundo grego-romano, o grão de mostarda é proverbialmente conhecido pelo seu pequeno tamanho. Contudo, Jesus diz que ele “cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus ramos”. Nos relatos de Mateus e Marcos, Jesus estabelece outro contraste entre menor e maior. O grão de mostarda é a “menor semente”, entretanto, torna-se a “maior de todas as hortaliças”. Parafraseando as palavras de Jesus nesta parábola, George E. Ladd declara: “Não deixe que a aparente irrelevância o engane. Não desanime. Virá o tempo em que esse mesmo Reino de Deus, agora presente como uma semente minúscula, será um grande arbusto, tão grande que as aves do céu virão e se alojarão em seus ramos.”.
O Reino de Deus cresce grandiosamente em nós... Isso porque o Espírito Santo promove o nosso crescimento espiritual. Crescemos espiritualmente à medida que somos conformados à imagem de Cristo. Esse ser conformado à imagem de Cristo é um processo gradual e progressivo. O Reino de Deus também cresce grandiosamente entre nós... Isso porque Deus promove transformação integral. À medida que cresce, o Reino de Deus vai transformando tudo.

O crescimento do Reino de Deus é oculto

Este é o princípio espiritual da Parábola do Fermento. Nessa parábola, Jesus compara o Reino de Deus ao fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha. Sobre isso, José A. Pagola comenta: “Todas as semanas, na véspera do sábado, as mulheres se levantavam cedo e saíam ao pátio para fazer o pão. Antes do amanhecer, já estavam preparando a massa, introduziam depois o fermento fresco para fermentá-la, cobriam tudo com um pano de lã e esperavam que a massa crescesse lenta e silenciosamente. Enquanto isso acendiam o fogo e esquentavam a pedra sobre a qual assariam o pão. Da cama, os filhos podiam sentir o aroma inconfundível dos pães preparados amorosamente por suas mães. Jesus não havia esquecido esta cena familiar.”.
Depois de algum tempo, o resultado de se misturar fermento com farinha é uma massa fermentada. Aqui, Jesus estabelece mais um contraste, desta vez, entre o oculto e o revelado. O fermento age sobre a farinha de maneira oculta. Somente a massa toda fermentada é que revela esta ação. Assim também é a ação do Reino de Deus. Como fermento opera na massa de maneira irreversível, o Reino de Deus opera neste mundo de maneira irreversível. Comentando esta parábola, Ladd afirma: “Aqui, fermento não se refere ao mal. Ilustra a verdade de que o Reino de Deus, por vezes, parece ser uma coisa pequena, irrelevante. O mundo pode desprezá-lo e ignorá-lo. O que um carpinteiro galileu e uma dúzia de judeus poderia realizar? Mas não desanimem, dia virá em que o Reino de Deus ocupará toda a terra, da mesma forma que o fermento enche toda a tigela. Os propósitos de Deus não serão frustrados.”.
O Reino de Deus cresce ocultamente em nós... Isso porque o Espírito Santo potencializa as nossas pequenas ações em relação à vontade de Deus. À medida que essas pequenas ações são potencializadas, grandes transformações acontecem. Ao longo de todo esse processo, podemos discernir a ação oculta de Deus e celebrar cada mudança, por menor que seja. O Reino de Deus também cresce ocultamente entre nós... Isso porque Deus nos envia como agentes de transformação deste mundo. Neste sentido, José A. Pagola nos desafia a agir “como ‘fermento’ que introduz no mundo a sua verdade, sua justiça e seu amor de maneira humilde, mas com força transformadora. Nós, seguidores de Jesus não podemos apresentar-nos nessa sociedade como ‘de fora’, tratando de impor-nos para dominar e controlar aqueles que não pensam como nós. Devemos viver ‘dentro’ da sociedade, compartilhando as incertezas, crises e contradições do mundo atual, e trazendo nossa vida transformada pelo Evangelho. Temos de aprender a viver nossa fé ‘em minoria’ como testemunhas fiéis de Jesus. O que a igreja precisa não é de mais poder social ou político, mas de mais humildade para deixar-se transformar por Jesus e poder ser o fermento de um mundo mais humano.”.

Que o Reino de Deus cresça em nós e entre nós!

Luiz Felipe Xavier.