sexta-feira, 27 de julho de 2018

Zé da esperança

““Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados”.” [Provérbios‬ ‭31:8-9‬ ‭NVI‬‬]

Depois de muito ouvir falar, os meus olhos viram o que Deus tem feito na Fazenda Nova Esperança, um assentamento de pessoas deslocadas por causa da construção da Barragem de Irapé, no norte das Minas Gerais.

Ali, conheci o Sr. José Francisco, o Zé.

Ele é acolhedor. Recebeu-nos com alegria em sua modesta casa.

Ele é crente! Muito crente! Faz transparecer a sabedoria de Deus pelo que fala.

Ele é politizado. Conhece as dificuldades que um sistema marcado pela injustiça impõe aos mais vulneráveis.

Ele é lutador. Arregaça as mangas e batalha pela dignidade dos mais simples.

Ele é mordomo. Cuida com zelo da criação de Deus.

Ele é grato. Cita pelo nome as pessoas que o ajudaram na vida.

Ele é altruísta. Usa muito mais o “nosso” do que o “meu”.

Ele é puro. Tem a capacidade de ver bondade nos outros.

Ele é pastor. Cuida espiritualmente de homens e mulheres da comunidade.

Ele é discípulo. Ama concretamente como Jesus amou.

Ele é o Zé, o Zé da esperança.

Luiz Felipe Xavier.

P.S.: Na Fazenda Nova Esperança, a Redê (Igreja Batista da Redenção) tem praticado advocacy, defesa de direitos. Que experiência maravilhosa!

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Gratidão


10 de julho...

Hoje de manhã, fui informado de que não serei mais professor do curso de Teologia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.

Este desfecho já estava prenunciado, mas a forma como a notícia chegou foi uma surpresa.

Busquei confirmações e as obtive. Confirmações e mais surpresas.

Enfim, chegou o comunicado oficial e o pedido para ir à casa assinar uma carta e levar uma carteira.

Tudo absolutamente novo para mim.

Em pouco tempo, passou um longo filme na minha cabeça...

Em sua cena principal, a voz de Deus dirigida à minha consciência: “Eu te coloquei e só eu posso te tirar.”.

Por muitos anos, estas palavras pacificaram a minha alma; hoje, ainda mais.

No caminho até à Rua da Bahia, 2020, orei...

Esta foi uma oração de muitos agradecimentos e de poucos pedidos.

Comecei agradecendo pelos exatos 10 anos de Izabela.

Agradeci por todas as experiências vividas, tanto as boas quanto as ruins.

Agradeci por estar saindo de lá e ainda seguir na Faculdade Batista e na Redê.

Pedi pelos meus dois amigos, Gilmar e Ebenezer, os últimos professores da época da FATE-BH.

Quem diria que sairíamos juntos?

Neste momento, me dei conta de que somente hoje esta faculdade onde me formei e ensinei estava chegando ao fim.

Agradeci pelo querido casal Sanches, Regina e Sidney, que me abriram as portas no fim de 2005.

Agradeci por cada aluno que tivemos.

Imaginei onde e como eles poderiam estar...

A grande maioria, servindo a Deus com seus dons e em seus contextos.

Alguns poucos, infelizmente, distantes do Senhor.

Neste momento, pedi perdão.

Perdão pelos ensinos equivocados aos quais nossos alunos foram expostos.

Perdão pelo que os meus colegas ensinaram errado e, principalmente, pelo que eu mesmo ensinei errado, embora com a melhor das intenções.

O determinismo é um exemplo do que ensinei errado durante algum tempo.

Perdoado, continuei agradecendo...

Agradeci pelo Edésio e pelo Ferrarezi.

Eles não foram chefes; começaram como coordenadores e se tornaram amigos.

Sou muito grato a Deus por estes amados amigos metodistas.

Assim como o casal Sanches, eles estarão para sempre no meu coração.

Na pessoa da Gislene, agradeci a Deus por cada colega.

Eles foram expressões da bondade de Deus em relação a mim.

A esta altura, já quase chegando, agradeci a Deus pelo privilégio de ter contribuído com a formação de tantos obreiros para o Reino de Deus.

Que Deus consolide esta belíssima construção!

Por fim, agradeci pelo sustento de Deus através do Izabela.

O pão nosso chegou à nossa mesa por meio desta dispensa.

E agora?

Agora, estou me sentindo esquisito.

É, esquisito.

Estou convicto de que a ficha ainda não caiu.

Só cairá em agosto, quando as aulas recomeçarem sem mim.

Sentirei muita falta.

Muita, mesmo!

Agora, é vida que segue.

Deus abençoe o Ferrarezi, o único professor que ficou, e cada aluno que caminha para a conclusão do curso.

Guardarei na memória a última aula, numa terça feira fria, quando, mesmo sem saber o que aconteceria, me despedi dos meus alunos.

Guardarei no coração a banca de TCC da Claudinha, meu último ato como professor do Izabela.

Guardarei no coração a despedida calorosa e chorosa dos meus colegas.

De 15 de julho de 2008 a 10 de julho de 2018.

Deus é bom!

Luiz Felipe Xavier.