quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O que eu aprendi sobre santidade que preciso praticar...


“Santidade” é uma palavra que parece estar fora de moda. Por que será? Talvez porque a pós-modernidade consagre valores como relativismo e pluralismo. A vontade de Deus, revelada nas Escrituras e encarnada por Jesus, torna-se relativa. Logo, cada um faz valer a sua própria vontade num mundo marcado por uma pluralidade de vontades. Nesse contexto, qual deve ser a postura daqueles que dizem-se discípulos de Jesus? A postura dos discípulos de Jesus deve ser semelhante à postura de Jesus, que viveu nesse mundo de modo santo.
Refletindo um pouco sobre a temática da santidade, aprendi algumas lições que gostaria de compartilhar com você; lições que, pela graça de Deus, preciso praticar. Aprendi que Deus é Santo e que devemos ser santos (Cf. 1 Pe. 1:16). Esse é o nosso ponto de partida. Devemos ser santos porque santidade faz parte do caráter do nosso Pai.
Aprendi que a santidade é pela graça (Cf. Cl. 2:6). Assim como a nossa salvação é um presente de Deus, a nossa santificação também o é. Não temos, em nós mesmos, força para ser santos. O padrão de Deus é tão elevado que jamais conseguiremos atingi-lo por conta própria. Aqui encontramos uma boa notícia: a graça que salvou-nos é a graça que conduz-nos à santificação. Ou seja, a graça que acolheu-nos como somos é incapaz de deixar-nos da mesma maneira. Ela transforma-nos dia após dia, mesmo que isso não seja tão evidente aos nossos próprios olhos.
Aprendi que a santidade é de dentro para fora (Cf. Mt. 15:10-11). Nasce do coração. Não é produto de algumas mudanças exteriores a que nos propomos. Isso significa que se o nosso coração for puro, seremos puros. Mas, se o nosso coração for impuro, seremos impuros. Assim, precisamos cuidar do coração. A grande questão é: como? Guardando o que podemos chamar de as “duas portas do coração”: os olhos e os ouvidos. Precisamos tomar cuidado com o que vemos e com o que escutamos. Desse cuidado depende a pureza do nosso coração.
Aprendi que a santidade é produto da renovação da mente (Cf. Rm. 12:1-2). Quando exercitamo-nos em renovar a nossa mente, Deus transforma nossos valores. O mundo, como um sistema anti-Deus, tem seus valores. Porém, o Reino de Deus tem valores completamente diferentes. Somente quando passamos a valorizar o que Deus valoriza é que passamos a viver a vida como a vida deve ser vivida.
Aprendi que a santidade é motivada pela certeza que já fomos totalmente aceitos por Deus, em Cristo (Cf. Rm. 7:24-25). Misteriosamente, essa certeza de que não precisamos fazer nada para sermos aceitos por Deus transforma-se em força espiritual para fazermos tudo que ele aceite como bom.
Aprendi que a santidade é desejada por amor a Deus e não por medo dele (Cf. Ef. 1:4-5). Muitos aproximam-se de Deus e buscam ser santos não porque foram constrangidas por seu amor, mas porque foram tomados pelo medo da sua condenação. Enquanto a motivação para ser santo for as chamas do inferno e não os braços abertos da cruz, nenhuma santidade genuína será encontrada em nós.
Aprendi que a nossa santidade glorifica à Deus (Cf. 1 Co. 10:31). Sobre esta lição, John Piper diz: “Deus é mais glorificado em nós à medida que somos mais satisfeitos nele.”. Sabe o que isso significa? Significa que devemos buscar mais o prazer em fazer a vontade de Deus do que o prazer em satisfazer a vontade da nossa carne com o pecado.
Aprendi que, diante da tentação, a batalha pela santidade é vencida ou perdida nos três primeiros segundos (Cf. 1 Co. 10:13). Se nesses instantes fugirmos, venceremos. Todavia, se tentarmos resistir, certamente perderemos.
Aprendi que todo progresso em santidade é devido à graça de Deus (Cf. Fp. 2:13). É ele mesmo que efetua em nós tanto o querer quanto o realizar. Isso porque todo mal que eu pratico é meu mesmo e todo o bem que eu realizo é produto da graça de Deus operando em mim. Tal consciência livra-nos do orgulho da justiça própria, que faz com que sejamos resistidos por Deus.
Aprendi que ser santo não é ser um crente esquisito, mas ser parecido com Jesus (Cf. Rm. 8:28-30). Ser crente esquisito é ser alguém que copia um modelo religioso pré estabelecido (em geral, repleto de “nãos”). Esse modelo é produto das “santas” tradições e não sustentam-se pela Palavra de Deus. Entretanto, ser parecido de com Jesus é ser alguém que copia o modelo de Jesus. Tal modelo é encontrado em sua vida, exatamente como descrita nos Evangelhos.
Aprendi que a santidade nunca será plena nesse tempo (Cf. 1 Jo. 1:8). Apesar de ansiarmos pela total libertação do pecado, essa só acontecerá depois da ressurreição do nosso corpo. No tempo chamado hoje, quem diz não ter pecado, já está pecando.
Que Deus, por sua graça, nos transforme à imagem de Jesus! Que ele complete a boa obra que um dia começou em nós!
Luiz Felipe Xavier.
Uma versão reduzida deste texto foi publicada na revista Ultimato, n. 339.