domingo, 22 de junho de 2014

Evidências de uma espiritualidade integral

Evidências de uma espiritualidade integral

Atos 11

22 de junho de 2014

Luiz Felipe Xavier

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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Juventude nos grandes centros urbanos

Por juventude, entendo a soma de dois grupos: adolescentes, de 12 a 17 anos, e jovens, de 18 a 30 anos. Por grandes centros urbanos, entendo cidades acima de 200 mil habitantes. Só para ter-se idéia, o Brasil é considerado 85% urbano, mas possui apenas 200 cidades acima de 200 mil habitantes. Sugiro que a relação entre juventude e grandes centros urbanos seja pensada a partir de três perguntas.
Primeira pergunta: como podemos entender, teologicamente, os grandes centros urbanos? De duas maneiras. A primeira é como sendo produto da criação de Deus. É assim que entende o Timothy Keller, pastor num grande centro urbano, que é New York. Ele baseia-se em Gênesis 11:1-4, que diz: “No mundo todo havia apenas uma língua, um só modo de falar. Saindo os homens do Oriente, encontraram uma planície em Sinear e ali se fixaram. Disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos e queimá-los bem”. Usavam tijolos em lugar de pedras, e piche em vez de argamassa. Depois disseram: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra”.”. Mas, por que Deus inventou a cidade? De acordo com Timothy Keller, Deus inventou a cidade para liberar o potencial humano, potencial criativo e competitivo. Para abrigar os fracos, fracos que chegam de lugares diferentes e vivem juntos, trocando experiências culturais. E para compelir a busca espiritual, pois a vida na cidade é marcada por questionamentos espirituais e por ofertas espirituais (entre elas, o Evangelho). A segunda maneira que podemos entender, teologicamente, os grandes centros urbanos é como sendo produto da rebelião do homem. É assim que entende o Ariovaldo Ramos, também pastor num grande centro urbano, que é São Paulo. Ele fundamenta-se em Gênesis 4:16-17, que afirma: “Então Caim afastou-se da presença do Senhor e foi viver na terra de Node, a leste do Éden. Caim teve relações com sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Enoque. Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome do seu filho Enoque.”. Para Ariovaldo Ramos, a cidade aparece na Bíblia, num contexto de rebelião. Além disso, o povo da cidade é marcado pelo muito ativismo e pela pouca presença de Deus. Logo, a cidade, projeto dos homens, é oposta ao jardim, projeto de Deus. Em geral, as pessoas vêm para cidade para matar a fome, seja ela fisiológica, dor no estômago, social, desejo de mudar de classe, ou existencial, realização da própria história. O grande problema é que, quando chegam à cidade, elas encontram solidão, competição e relação econômico-financeira, esta última marcada por produzir, comprar e investir.
Segunda pergunta: quais são os principais problemas que afetam a juventude nos grandes centros urbanos? Sugiro três. O primeiro é a violência. A violência afeta, principalmente, jovens-negros-pobres. Recentemente, lançando mão das redes sociais, o papa Francisco disse: “A desigualdade é a raiz dos males sociais.”. Se a violência for considerada um mal social, sua raiz pode ser a desigualdade. Embora a desigualdade tenha diminuído consideravelmente na última década, ela ainda existe no nosso país. Observe outro dado alarmante: O Brasil tem só 2,8% da população mundial, mas 11,5% dos homicídios. O segundo problema é o que eu chamo de ofertas, especialmente drogas e sexo. Os especialistas nesse assunto apresentam o seguinte processo de envolvimento dos adolescentes e jovens com as drogas: A curiosidade, associada ao grupo de amigo, à busca pelo prazer, ao abandono familiar e ao vazio existencial, leva ao uso de drogas. O uso de drogas gera prazer e desencadeia um círculo de desejo insaciável e satisfação incompleta, gerando dependência. Para manter o vício, os jovens praticam delinquência e experimentam a tragédia. Curiosamente, o processo de envolvimento dos adolescentes e jovens com o sexo é muito semelhante. O terceiro problema é o desemprego. Este devido à falta de qualificação e experiência profissionais.
Terceira e última pergunta: Como a Igreja, de modo geral, e a juventude, de modo específico, devem agir nos grandes centros urbanos? Segundo Timothy Keller, Deus chama-nos, na cidade, para amar, especialmente, os diferentes; pregar, testemunhando de Jesus, com palavras e ações; identificarmo-nos com as coisas da cidade, visando o serviço; abençoar, vivendo de forma coerente com o Evangelho. Conforme Ariovaldo Ramos, a igreja deve ser um lugar onde Deus é honrado, deve ser um lugar de alívio e descanso, e deve ser o contraponto da cidade. Se a cidade é lugar de solidão, a igreja deve ser uma comunidade relacional. Se a cidade é marcada por competição, a igreja deve ser marcada por cooperação. Se na cidade as relações são econômico-financeiras, na igreja as relações devem ser de contribuição voluntária. Por fim, proponho que, contra a violência, promovamos uma educação para paz. Para tal, a injustiça deve dar lugar à justiça e a vingança deve dar lugar ao perdão. Proponho também que, contra a oferta de drogas e de sexo, tenhamos ações preventivas e terapêuticas. Para tal, a informação deve ser equilibrada e a recuperação especializada. Proponho que, contra o desemprego, incentivemos a qualificação e experiência pelo voluntariado. Para tal, podemos criar fundos de investimento educacional e oportunidades de trabalho voluntário.
Que Deus nos ajude a ser uma igreja relevante à juventude da nossa cidade!

Luiz Felipe Xavier.