quarta-feira, 11 de julho de 2012

Escutar

A atitude do terceiro dia do CLADE V foi "escutar". Como ontem, começamos com cânticos de adoração e louvor ao nosso Deus. Num mundo marcado pelos sinais do pecado somos convidados a escutar as palavras de Jesus, que convocam-nos ao serviço.
A devocional da manhã foi dirigida pela mexicana Alejandra Ortiz Chacón. Tendo como base João 20:21-25, falou-nos sobre a dúvida e o mistério. Os discípulos acabaram de ver o seu Mestre ser crucificado e sentem medo. Nesse contexto, Jesus aparece e fala sobre a sua paz. Não somente isso, mas em meio a dúvida e ao mistério, ele envia-os ao mundo para servi-lo. Assim como os discípulos foram enviados, nós também o somos. Para conhecer a nossa agenda missionária, precisamos observar, atentamente, a agenda de Jesus. Como ele sopra sobre os discípulos, fica evidente que a missão acontece apenas no poder do Espírito. Não somente por nossas palavras, mas, sobretudo, pela nossa vida, sinalizaremos o Reino de Deus no mundo marcado pelos sinais do pecado. Logo, é no ambiente da ambigüidade da vida que o discipulado se desenvolve e a esperança se renova.
Após o tempo de lanche, a região andina começou sua apresentação. Com vídeos, denunciou uma economia de mercado que sacrifica a vida dos mais pobres e destrói o planeta. Durante a leitura do documento, o Reino de Deus no Novo Testamento foi identificado com a paz do Antigo Testamento, paz que traduz-se em bem estar geral. O Reino deve ser a chave hermenêutica da Missão Integral e Jesus deve ser a chave hermenêutica do Reino. O Reino deve formular a utopia e a sua pedagogia deve dar-se pela prática dos seus próprios valores. O Reino é maior que a Igreja e o crescimento numérico da Igreja nem sempre corresponde a expansão do Reino. O Reino expande-se quando as realidades de morte do anti-Reino são transformadas.
Esta rica manhã foi encerrada com uma bela apresentação musical do "Movimento juntos com as crianças e com a juventude", muito parecido com o "Bola na Rede", da RENAS. Em homenagem ao trabalho realizado no Brasil, Jorge Henrique Barro e Ruth Padilla foram vacinados contra os maus tratos. Não somente eles, mas muitos outros presentes no auditório.
Depois do almoço, participei de outra consulta. Desta vez, sobre "Herança histórica e missão: a importância de aprender do nosso passado para afirmar nossa identidade.". Essa consulta foi organizada pelo grupo de pesquisa sobre história do protestantismo latino-americano. A primeira exposição foi sobre a literatura evangélica publicada na América Latina, na primeira metade do século XX". A segunda exposição foi sobre uma "Leitura histórica do protestantismo no Brasil". Acerca dessa temática, Lyndon destacou que há três tipos de história: A primeira é aquela inventada pelas igrejas e pelas denominações. A segunda é aquela marcada pelas tipologias sócio-hostóricas da academia. A terceira é aquela produzida com caráter metodológico. A primeira obra desse terceiro tipo de história foi de Emile Leonard. A terceira e última exposição foi sobre o processo de indigenização do protestantismo na América Latina.
À noite, Luciano Jaramillo começou dizendo-nos que servimos a um Deus que interessa-se pelo ser humano integral. Tomando como referência a vida de Moisés, apresentou-nos sete diaconias (serviços): diaconia sócio-política (libertação), diaconia da luta, diaconia das necessidades vitais, diaconia do fazer comunidade (incluindo a capacitação de lideranças), diaconia do conselho, diaconia da oração, diaconia da Palavra.
Dando continuidade à programação da noite, Cesar Carhuachin denunciou todo e qualquer tipo de linguagem discriminatória, linguagem que é institucionalizada e sancionada pela cultura. Além disso, sugeriu a adoção de uma linguagem libertadora, linguagem que produzirá uma consciência social inclusiva.
Em seguida houve o reconhecimento dos pioneiros da teologia hispana nos Estados Unidos. Dentre eles, Orlando Costas. O programa do terceiro dia foi fechado com uma boa música e uma bela dança da Rebeca.
A cada instante percebo melhor a importância do tempo que passei com a juventude da Redê em La Paz, Bolívia, para o meu aproveitamento do CLADE. Deus é bom!
Luiz Felipe Xavier.

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