sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ACEB, que assim seja!

Está fundada, como movimento, a ACEB, Aliança Cristã Evangélica Brasileira! Depois de muitas reuniões de escuta pelo Brasil, três só em Belo Horizonte, líderes de igrejas e organizações cristãs de todo o país se reuniram, no dia 30 de novembro de 2010, na Catedral Metodista Central de São Paulo, para a fundação da ACEB.
A reunião de fundação foi aberta com palavras de boas vindas, dadas por Valdir Steuernagel, Wilson Costa e Welinton Pereira, às mais de 230 pessoas presentes. Essa saudação inicial deu lugar às orações temáticas, sob a direção de Durvalina Bezerra. Sob o tema “As experiências históricas com formação de “Aliança” e o que temos no presente”, Robson Cavalcanti nos fez recordar a história do anseio por unidade na igreja evangélica brasileira. Logo após, sob o tema “A vocação da unidade”, Ariovaldo Ramos nos expôs João 17:20-21 e Atos 1:8, trazendo-nos à memória que “a vocação da igreja é de se juntar”. Esse momento foi encerrado com orações de arrependimento.
É exatamente em resposta a essa vocação que a ACEB encontra a sua razão de ser. Sua visão é “manifestar a unidade da igreja por meio do testemunho visível de amor e serviço no Evangelho de Jesus Cristo”. Sua missão é “congregar seguidores do Senhor e Salvador Jesus Cristo como expressão da unidade da igreja”. Essas e outras proclamações se encontram na “Carta de Princípios e Diretrizes”, que foi apresentada e discutida em uma mesa redonda, sob a direção de Christian Gillis. O produto dessa discussão foi mais de cem perguntas.
Encerrando as atividades da manhã, fomos saudados por Gordon Shwell-Rogers, diretor da Aliança Evangélica Mundial (WEA) e experiente articulador de alianças evangélicas ao redor do mundo. Além de nos lembrar que a unidade não é uma opção, citando John Stott, afirmou que o evangelicalismo está firmado sobre três importantes pilares: a iniciativa reveladora do Pai, a obra redentora do Filho e o ministério transformador do Espírito Santo.
Depois do almoço, fomos saudados por um representante da Aliança Evangélica Latino-Americana (FIDE) e os trabalhos da tarde foram retomados sob a direção Oswaldo Prado. Respondidas algumas perguntas do período da manhã, iniciou-se a assembléia. Nela, em primeiro lugar, foi votada a “Carta de Princípios e Diretrizes”. Em segundo lugar, foi fundada a ACEB, como movimento. A certeza de que estávamos trilhando o caminho certo foi evidenciada nas sábias palavras de Élben César: “Assim como o discipulado precede ao batismo, o movimento precede à organização”. Em terceiro e último lugar, foram escolhidas as pessoas para compor o Conselho Geral. Já era tempo de fazer uma pausa para o café.
Durante essa pausa, alguns líderes de ministérios com juventude se reuniram. Depois de uma breve apresentação, algumas agendas foram propostas. Dentre elas, a que se revestiu de maior importância foi a necessidade de uma articulação da juventude brasileira para uma ação coordenada durante a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016).
Após o café, fim de tarde e início de noite, tivemos um tempo de celebração. Gratidão a Deus, hinos que enfatizam unidade, reconhecimento da nossa imperfeição e da graça de Deus, recordação da caminhada, leitura de textos bíblicos de forma responsiva, orações comunitárias, consagração ao serviço e, é claro, proclamação da Palavra. Essas foram marcas da celebração a Deus pela fundação da ACEB. O espírito que nos envolvia era o da obediência à unidade da igreja. O nosso desejo era que a Boa Notícia de que “A salvação pertence ao nosso Deus” fosse ouvida em todos os rincões desse país. De fato, só há sentido em uma Aliança se a mesma nascer da vocação missionária de Deus. Assim, a Aliança nasce para morrer, porque ela nasce para o serviço. Serviço a Deus, serviço à sua igreja e serviço ao mundo. Isso porque o futuro de Deus precisa invadir o nosso presente, por instrumentalidade da igreja. Depois da proclamação da Palavra, nos colocamos em torno da mesa do Senhor. Primeira ceia da ACEB. Que momento especial! Por fim, o culto foi encerrado com a recitação do Credo Apostólico, seguido de uma bênção franciscana proferida por representantes da juventude evangélica brasileira.
No meu coração, um pergunta que não quer calar: o que é ser evangélico? Para mim é ser do Evangelho. Para alguns é dizer “amém” ao final do Pacto de Lausanne. Para outros é isso tudo e muito mais. O grande problema é que, hoje, ser evangélico não é nada disso. Entre os chamados evangélicos no Brasil, tem gente do Evangelho e tem gente do anti-Evangelho. É do Evangelho quem continua pregando e vivendo o Evangelho. É do anti-Evangelho quem, em nome do Evangelho, prega e vive algo que é completamente diferente do Evangelho. Esse anti-Evangelho é evidente, por exemplo, em círculos onde o que se prega e se vive é “Teologia da Prosperidade” (Deus é servo do homem; forte ênfase no ter – especialmente saúde e riqueza; recomendação e autorização de um estilo de vida consumista), onde o que se cultiva é uma “espiritualidade legalista” (lista de coisas que o crente não pode fazer para agradar a Deus; separação do crente do mundo; demonização da cultura) e onde o que faz a cabeça das pessoas é uma “filosofia humanista” (otimismo com relação ao ser humano; pluralidade da verdade – cada um tem a sua; ditadura do politicamente correto), etc. É exatamente nesse contexto onde gente do Evangelho e gente do anti-Evangelho se autodenomina como evangélico que a voz profética da ACEB precisa ecoar.
Uma coisa me parece certa: muita gente do Evangelho vai se aproximar e precisa ser acolhida; muita gente do anti-Evangelho vai se aproximar e precisa ser resistida (pelo menos até que se arrependa). Que Deus nos ajude a discernir. Discernir especialmente que ortodoxia e ortopraxia precisam andar de mãos dadas. Tanto a primeira sem a segunda quanto a segunda sem a primeira, de nada valem.
Que a ACEB seja parte da resposta da oração de Jesus: “Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” (João 17:20-23).
Que assim seja!

Luiz Felipe Xavier.

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