Depois de um primeiro semestre
muito difícil, chegara a hora de embarcar para a Indonésia. Sentindo-me árido
espiritualmente, ansiava pelos dias que viriam. Queria ouvir a voz do Pai com o
coração, ser reconvertido à simplicidade profunda do Evangelho e ser reencorajado
pela comunhão e caminhada com os irmãos de diferentes partes do mundo.
Na companhia do Jonathan Freitas
e do Davi Lin, cheguei à Indonésia. Era minha primeira vez na Ásia e num país
de maioria muçulmana. Jacarta me pareceu uma cidade muito interessante, uma
cidade que mistura tradição e inovação, uma cidade com boas opções culturais e com
trânsito caótico. Em quatro dias, fiquei perplexo com a cultura muçulmana. Ali
encontrei um povo alegre, cordial e pacífico, um povo que valoriza a família,
apesar de, aparentemente, as mulheres ainda serem muito oprimidas. Este choque
cultural me ofereceu boas perguntas.
Ali, em Jacarta, entre 03 e 10
de agosto, o Movimento de Lausanne reuniu mais de 1.000 líderes jovens, de mais
de 140 países. Era o tão esperado Encontro de Líderes Jovens 2016! A celebração
de abertura foi bela. Emocionei-me ao cantar “Bless the Lord, oh my soul | Oh my soul | Worship His holy name | Sing
like never before | Oh my soul | I’ll worship Your holy name” com gente dos
quatro cantos da terra.
Durante 8 dias muito intensos,
refletimos sobre a grande história de Deus, história que une todos nós. Em
forma de um mosaico, compartilho algumas lições que aprendi ali. O painel sobre
o estado do mundo me ensinou a fazer três perguntas: “Onde a igreja está?”; “Para
onde a igreja precisa ir?”; e “O que a igreja precisa fazer?”. Com Tracy
Trinita aprendi a importância de contar histórias pessoais em conexão com a grande
história de Deus. Richard Chin me ensinou que a criação de Deus é boa, mas não
é perfeita, pois precisa ser cuidada e desenvolvida por nós. Ele me ensinou
também que a grandeza de uma pessoa consiste em viver uma vida que aponte para
Cristo. Com Mutua Mahiaini, aprendi que um líder deve ser reconhecido mais por
sua voz que por seu nome. Lindsey Olesberb me ensinou que estamos diante do grande
desafio de levar a próxima geração a se interessar e se engajar com as
Escrituras. Com Vaughan Roberts, aprendi que um líder precisa lembrar que vem
do pó, que Jesus deve ser o centro do seu ministério, que é necessário ser
impiedoso com o pecado e que é preciso manter relacionamentos próximos. Aprendi
também que, por vezes, precisaremos dizer “não” às maravilhosas oportunidades
do ministério para passar mais tempo com a família e com os amigos. T. V.
Thomas me ensinou que precisamos abandonar nossos preconceitos em relação os
muçulmanos, que precisamos amá-los como Jesus os ama, e que precisamos
recebê-los em nossas casas. Com Las Newman aprendi que um líder precisa cuidar
de si mesmo, pois o estresse e a estafa têm como consequência a perda da paixão
por Deus e pelas coisas do seu Reino. Andrea Roldan me ensinou que na longa
caminhada de obediência a Deus, precisamos de “Paulos”, para nossa direção, de
“Barnabés”, para nosso cuidado, e de “Timóteos”, para nossa sucessão. Com um
pregador da Coreia do Norte, aprendi que um seguidor de Jesus não é aquele que
têm uma vida religiosa ativa, porém, é aquele que tem Jesus como centro da sua
vida. Ladan Nouri me ensinou que se Deus nos chamar para sofrer pelo seu nome,
ele mesmo nos dará forças para isso. E, com Os Guinness, aprendi que, num mundo
pluralista, precisamos do poder do Espírito, da história do pensamento e da
análise da cultura.
Em meio a tudo isso, duas
pessoas me impactaram profundamente. A primeira delas foi o Chris Wright. Como
parte do que no encontro foi denominado “1 on 1”, tive a oportunidade de
conversar com este irmão por 50 minutos. Esta conversa se deu em torno de três
perguntas que lhe fiz: “Que conselhos você daria a um jovem pastor?”; “Que
conselhos você daria a um jovem professor de Teologia?”; e “Que conselhos você
daria a alguém que lidera sem ter o dom espiritual de liderança?”. Dentre os
muitos conselhos que ouvi, destaco o principal: “Tenha a sua identidade
profundamente arraigada em Cristo. Isso possibilitará o seu crescimento em
liberdade e humildade”. O Chris Wright é uma das pessoas mais humildes com quem
já conversei. Ao longo da minha peregrinação espiritual, quero considerar
atentamente os preciosos conselhos que dele recebi. Louvo a Deus pela vida
desse querido irmão! A segunda pessoa foi a Anne Zaki. Na minha opinião, ela
fez a melhor exposição bíblica do encontro. Tendo como base a conhecida
narrativa da Torre de Babel, ela propôs que, desde o Éden, o orgulho continua
sendo um pecado muito sutil em nossos corações. Ele sempre se manifesta quando
tentamos construir um mundo sem Deus. A Anne Zaki sugeriu que nosso mundo hoje
é semelhante aquele da Torre de Babel. Logo, nesse nosso mundo, precisamos
responder a uma pergunta fundamental: “Nós vamos trabalhar para que o nome de
Deus seja espalhado pela terra ou para que o nosso próprio nome seja grande na
terra?”. Tendo apresentado essa pergunta, ela nos desafiou a abandonar a auto
idolatria. Isso porque a vontade de Deus é que deixemos de ser povo de Babel
para nos tornar, de fato, povo da cruz. Três dias depois de ouvir esta mensagem,
encontrei a Anne Zaki no elevador. Enquanto descíamos para o restaurante, disse-lhe:
“Anne, muito obrigado por sua palavra sobre a Torre de Babel! Tenho uma filha que
também se chama Anne. No final da sua exposição bíblica, pedi a Deus que
fizesse da minha Anne uma bênção para o mundo assim como você é uma bênção para
o mundo.”. Também louvo a Deus pela vida dessa querida irmã!
Por fim, sou muito grato a Deus
pelo privilégio de ter conhecido e convivido com os mais de 60 irmãos da
delegação brasileira. Embora infelizmente não tenha conseguido, tentei
conversar com cada um deles. Algumas dessas conversas duraram longas horas,
outras apenas alguns minutos. Em todas elas, aprendi. Aprendi especialmente que
a amizade é o ponto de partida para todo e qualquer diálogo produtivo. Ao que
me parece, a nossa contribuição à nossa geração deve ser precedida pela nossa amizade.
Só assim, experimentando a unidade em meio à diversidade, seremos relevantes
nos nossos dias. Também sou grato a Deus pelos dois momentos que tive com os
irmãos da América Latina. Eles sempre nos ajudam a ver melhor a integralidade da
missão.
Que Deus, por sua graça, nos dê
discernimento e sabedoria, e nos ajude a seguir conectados a ele e uns aos
outros!
Luiz
Felipe Xavier.
Obrigada por compartilhar!
ResponderExcluirQuerido Luiz Felipe!
ResponderExcluirFoi ótimo estar com você esses dias na Indonésia e ter boas conversas!
Obrigado pelo seu texto que sintetiza com fidedignidade o que ouvimos e vivemos ali em Jacarta!
Que Deus nos ajude a responder com obediência ao nosso chamado!
abraços!
Natan.
Luiz Felipe, que excelente comentário sobre o que foi o YLG e muito do que recebemos e compartilhamos ali. Que boa oportunidade de falar com Chris Wright. Que Deus lhe guie e abençoe
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