Gênesis 1 descreve-nos a criação de Deus.
Deus cria tudo que existe, ordena tudo que cria e estabelece um responsável por
tudo que ordena. Gênesis 2 descreve-nos o que poderíamos chamar de pilares de
uma vida equilibrada. Esses são a espiritualidade, a família e o trabalho. Gênesis
3 descreve-nos a queda da humanidade. A partir desta descrição, fica revelado
que o pecado do ser humano é a origem de todo o mal que existe no mundo. Logo,
a descrição que Gênesis 3 faz da queda, suscita-nos, pelo menos, três importantes
perguntas.
A primeira
pergunta é: O que foi a queda? “Quando a mulher viu que a
árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso,
desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu
a seu marido, que comeu também.” (v. 6). A árvore do conhecimento do bem e do
mal é um teste de obediência. Isso porque Deus tinha dado uma ordem clara ao
homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do
conhecimento do bem e do mal, porque no dia em dela comer, certamente você
morrerá.” (Gn. 2:16-17). Assim, não comer é obedecer e comer é desobedecer. Tanto
a mulher quanto o homem desobedecem a Deus, comendo do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Podemos dizer que a dinâmica da tentação do
primeiro casal é um protótipo da dinâmica da tentação de todos nós. Hoffmann
afirma que “a satânica argumentação desperta a curiosidade e semeia a dúvida.
Esta dúvida coloca em jogo a absoluta confiabilidade da Palavra de Deus, em
favor dos sentimentos e desejos do coração humano.”.
Vale ressaltar que antes de comerem do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva já conheciam o bem e o
mal. Ou seja, eles conheciam o que Deus determinara como bem e como mal. Assim
sendo, ao comer desse fruto, o casal quer ser como Deus. Isto é, ele quer
assumir para si a prerrogativa de determinar o que é o bem e o que é o mal. Então,
o pecado entra na história humana porque o ser humano que ser autônomo em
relação a Deus. Em outras palavras, o pecado é dizer a Deus: Eu determino o que
é o bem e o mal para minha vida, não você.
A
segunda pergunta é: Quais foram as consequências da queda? As
consequências da queda são descritas em termos de rupturas. Ruptura do
relacionamento com Deus: “Ouvindo o homem e a mulher os passos do Senhor Deus
que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença
do Senhor Deus entre as árvores do jardim.” (v. 8). Ruptura do relacionamento
consigo mesmo: “E ele [o homem] respondeu: “Ouvi teus passos no jardim e fiquei
com medo, porque estava nu; por isso me escondi”.” (v. 10). Ruptura do
relacionamento com o próximo: “Disse o homem: “Foi a mulher que me deste por
companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi”.” (v. 12); “Respondeu a
mulher: “A serpente me enganou, e eu comi”.” (v. 13). E ruptura do
relacionamento com a criação. “Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que
estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se.” (v. 7).
A
terceira pergunta é: Como a graça de Deus manifesta-se depois queda? “Mas
Deus chamou o homem, perguntando: “Onde está você?”.” (v. 9). Deus, por sua
graça, vem em direção ao casal desobediente. Deus chama o homem, porque está
cheio de graça. O homem esconde-se de Deus, porque está cheio de medo. Mas Deus
trata o pecado com seriedade. Isso significa que todo pecado tem consequências
terríveis. Por causa da desobediência, a serpente, a mulher, a terra e o homem sofrerão.
Deus expulsa o casal do jardim e restringe o seu acesso à árvore da vida. Por
fim, Deus apresenta ao casal o caminho de volta a ele. Inicialmente, ele
apresenta um caminho provisório. “O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas
vestiu Adão e sua mulher.” (v. 21). Aqui, um princípio pedagógico está
estabelecido: O ser humano só pode voltar a Deus coberto pelo sangue de uma
vítima inocente. Posteriormente, Deus promete um caminho definitivo. À
serpente, ele diz: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua
descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá
o calcanhar.” (v. 15). Pronto! Está feita a promessa acerca de Jesus. Jesus
será a vítima inocente que derramará o seu sangue e abrirá à humanidade
pecadora o caminho definitivo de volta a Deus. Todos aqueles que trilham este
caminho de reconciliação transformam-se e agentes de reconciliação. Que assim
seja conosco!
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