A Copa do Mundo é de futebol. Futebol,
para mim, é Clube Atlético Mineiro. Logo, torço pelo futebol de maneira
Galo-centrada. Tudo o que falarei sobre futebol neste pequeno texto estará
influenciado por este pressuposto. Se quiser parar por aqui, fique à vontade.
Eu prometo que não me ficarei ofendido. Mas, caso deseje continuar, quem sabe
você se surpreenda no final?
Por causa do Galo, deixei de torcer pela
Seleção da CBF, há algum tempo. Os prejuízos desta desprezível instituição ao
meu time são incalculáveis. Torço pelo Brasil em todos os esportes, exceto no
futebol. Em se tratando de seleção de futebol, torço pela da Argentina. Eu o faço
porque admiro a raça dos jogadores e a paixão da torcida. Raça e paixão lembram
Galo. Esta é a razão da minha escolha.
Porém, por causa de uma série de fatores,
nesta Copa do Mundo eu torci pela Seleção da CBF. Tentei relevar a ligação da
Seleção Brasileira com a instituição CBF. Os que vivem próximos a mim sabem que
eu queria uma final entre Argentina e Brasil. Honestamente, neste caso, acho
que torceria pelo Brasil. Eu o faria pelo fato da Copa ser aqui, e pelo Victor
e pelo Jô, ambos do Galo - diga-se de passagem, o clube brasileiro que mais
cedeu jogadores à Seleção Brasileira.
Torci pela Seleção Brasileira, todavia,
infelizmente, ela saiu. A maneira como isso aconteceu foi humilhante. Isto
mesmo, humilhante. Confesso que doeu em mim. Senti muito, embora tenha sentido
menos que um torcedor regular da Seleção Brasileira. Agora, é extrair as lições
desse vexame, levantar a cabeça e seguir em frente. Nós, atleticanos, sabemos
muito bem como é isso e, caso seja necessário, podemos dar uma consultoria aos
demais torcedores brasileiros. Apenas espero que toda essa dor redunde em
radicais mudanças, a começar pelo fim da CBF.
Apesar de tudo, nós, brasileiros, podemos
nos orgulhar de termos feito a Copa das Copas. Não é que a presidenta tinha razão?
Contra tudo e contra todos, especialmente contra os agouros da grande mídia
(leia-se Globo, Veja e Folha, entre outros), fizemos a melhor Copa de todos os
tempos. O mundo reconheceu isso. Para tal, construímos ou reformamos excelentes
estádios (o melhor é que dos 8 bilhões investidos, 4 foram financiados pelo BNDES
e 4 foram de verbas privadas e locais, segundo dados oficiais do Governo
Federal), repaginamos nossos principais aeroportos, investimos em mobilidade
urbana nas cidades sedes, geramos emprego e atraímos turistas de todo o
planeta, que, por sua vez, injetaram bilhões em nossa economia. Eu celebro tudo
isso, com muita alegria. Como disse aquela lúcida catadora de lixo de Belo
Horizonte: "Se outros países do mundo puderam sediar uma Copa do Mundo,
por que nós não poderíamos?".
Não pense que eu penso que vivemos num país
perfeito. Eu sei que não. Embora ainda haja muito a ser feito, tenho para mim
que estamos no caminho certo. Aos poucos, temos deixado para trás um passado
colonialista, escravocrata, ditatorial e elitista. Talvez estejamos vivendo o
melhor momento da nossa história, momento marcado, especialmente, por grandes
avanços sociais. Logo, contra o desespero, prefiro seguir cheio de esperança.
Nessa esperança, ainda quero ver muitas
coisas acontecerem no meu país. Quero ver reformas profundas, a começar pela reforma política, base de todas as outras. Quero ver mais educação, mais saúde e
principalmente, mais segurança. Quero ver menos desigualdade social e mais
distribuição de renda. Eu desejo que o Brasil seja um lugar melhor para todos,
de modo geral, e para os mais pobres, de modo específico.
Por fim, quero fazer menção ao meu pai.
Ele também não torce pela Seleção Brasileira de Futebol. Não o faz porque pensa
que o futebol pode transformar-se no ópio do povo brasileiro. Reconheço que o
motivo pelo qual ele não torce é muito mais elevado que o motivo pelo qual eu não
torço. Admito também que, sob muitos aspectos, ele tem razão. Contudo, penso
que podemos ser bons torcedores, sem ser pessoas entorpecidas. Podemos celebrar
a Copa das Copas e o bom momento do nosso país. Podemos lamentar a
desclassificação da Seleção Brasileira e as injustiças que ainda
experimentamos. Que façamos tudo isso com o coração cheio de esperança! Afinal,
somos brasileiros e não desistimos nunca.
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