As lembranças que tenho do Natal são, em sua
maioria, doces. No início de dezembro, armávamos a árvore, enfeitávamos a casa
e esperávamos pelo dia 25. Como quase toda criança, escrevia cartinha para o
Papai Noel e esperava, ansiosamente, por seus presentes. Como Jesus mesmo
ensinou que os pais “sabem dar boas
coisas aos seus filhos” (Mt. 7:11), meu “Papai Noel” (talvez, “Mamãe Noel”)
sempre soube dar-me coisas boas. Honestamente, pensava que Natal estava
diretamente relacionado aos presentes.
O tempo passou e uma mudança radical
aconteceu. Na igreja em que éramos membros, ensinaram-nos que a celebração do
Natal não era “coisa de crente”, mas um “costume pagão”. Na sincera intenção de
obediência, nossos inícios de dezembro perderam a graça, nossa casa permanecia
como nos demais dias do ano e nenhuma expectativa havia mais em relação ao dia
25. Durante esse tempo, o Natal, literalmente, perdeu a graça. Pior, pensava
que Natal estava diretamente relacionado ao paganismo.
Poucos anos depois, um feixe de luz começou a
brilhar... se era luz de Natal não sei, Deus o sabe. Pouco a pouco, fomos
retomando o costume de montar a árvore, enfeitar a casa e aguardar o dia 25 de
dezembro. O tempo em que Natal estava relacionado aos presentes ficou para
trás... desse tempo, restaram apenas lembranças que enternecem a alma até hoje.
O tempo em que Natal estava relacionado ao paganismo também ficou para trás...
desse tempo, restauram apenas a satisfação pela obediência (embora
desnecessária, neste caso) e a sensação de que perdemos um tempo enorme na vida.
Desde que a luz começou a brilhar, retomamos os encontros familiares nos dias
24 e 25 de dezembro e as trocas de presentes. A comunhão fraterna precisava ser
valorizada e cultivada, com presente ou sem eles. Caso desejássemos presentear
nossos queridos, esse ato deveria ser marcado por simplicidade. Foi exatamente
recordando esses momentos que tive uma idéia: a troca de algo que já temos e
que valorizamos pode ser uma excelente alternativa. O que não podemos permitir
é que o espírito consumista, próprio do “deus mercado”, escravize-nos,
especialmente neste tempo onde ele parece estar cada vez mais forte.
Nos últimos anos, o feixe de luz parece ter
dado espaço à estrela de luz. Estrela como aquela que conduziu os magos do
oriente até o local onde encontrava-se o Deus-menino. Com a maturidade na fé
veio o aprofundamento do sentido do Natal. Natal é a celebração do nascimento
do Salvador. Quando discernimos isso, de fato e de verdade, tudo muda. Dezembro
ganha um novo sentido. O presépio do Natal torna-se mais importante que a
árvore de Natal. Jesus torna-se mais importante que Papai Noel. O presente da
salvação torna-se mais importante que qualquer presente que troquemos. Isso é
Natal de verdade!
Há um ano, desafiado a trazer uma palavra num
jantar de Natal, voltei aos Evangelhos... Foi maravilhoso ver o que Mateus,
Marcos, Lucas e João nos ensinam sobre o Natal. Ensinam que Jesus vem ao mundo para salvar-nos dos
nossos pecados (Cf. Mt. 1:21). Ensinam que Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Cf. Mt.
1:23). Ensinam que Jesus é digno de ser adorado como Deus (Cf. Mt. 2:2). Ensinam
que Jesus é aquele que conduz-nos como pastor (Cf. Mt. 2:7). Ensinam que Jesus
tem ofício de profeta, sacerdote e rei (Cf. Mt. 2:11). Ensinam que Jesus
humilha-se, radicalmente, desde o seu nascimento (Cf. Lc. 2:7). Ensinam que Jesus
deve ser glorificado (Cf. Lc. 2:14). Ensinam que Jesus traz-nos a paz (Cf. Lc.
2:14). Ensinam que Jesus manifesta-nos o favor de Deus (Cf. Lc. 2:14). Ensinam
que Jesus é aquele que dá-nos a vida (Cf. Jo. 1:4). E ensinam que Jesus é a
Palavra de Deus que faz-se carne e habita entre nós (Cf. Jo. 1:14).
Notem! Natal
de verdade é Natal que recorda a pessoa de Jesus. Assim como, há 2.000 anos
atrás, alguns pastores ouviram a voz do anjo, que, no próximo dia 25 de
dezembro, nós possamos ouvi-la novamente: “Não
tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para
todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o
Senhor.” (Lc. 2:10-11). Que Cristo renasça em nossas vidas a cada Natal e,
com ele, a esperança!
Desejo a
todos um feliz Natal e um excelente 2013!
Luiz Felipe Xavier.
Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.
Luiz, que reflexão preciosa. Texto maravilhoso. O Natal precisa ser vivido intensamente por todos nós. O problema é que muitas vezes a igreja se omiti de mostrar o verdadeiro sentido, e fica apenas criticando o que se está fazendo lá fora. Temos que mudar. Obrigada por essa reflexão. Peço permissão também para usa-lá. Quero compartilhar o que me fez pensar. Abraço.
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