Quando ainda era acadêmico
na faculdade de Teologia, ouvi de um professor as seguintes palavras: “Todos
vocês precisam de três conversões: a primeira, a Jesus Cristo, a segunda, à
Reforma Protestante, e a terceira, à América Latina.”. Essas palavras jamais
saíram do meu coração.
A Reforma Protestante tem início no dia 31 de
outubro de 1517, quando Martinho Lutero fixa suas 95 teses, na porta do castelo
de Wittenberg, na Alemanha. Mas, dois séculos antes, movimentos que propunham
reforma na Igreja Medieval já espalhavam-se por toda a Europa. Exemplos disso
encontramos na Inglaterra, na Boêmia (atual República Tcheca) e na Itália, com
João Wycliff, João Hus e Jerônimo Savonarola, respectivamente. Esses preciosos
irmãos levantam suas vozes contra as práticas equivocadas da Igreja Medieval e
afirmam a autoridade absoluta das Escrituras. Logo, pagam com a própria vida e
aram a terra onde a semente da Reforma Protestante é lançada, germina e brota.
As principais teses
defendidas pelos reformadores podem ser descritas em “5 Solas”. A primeira é Sola
Scriptura. Só a Escritura, corretamente interpretada, é a nossa regra de fé
e prática. Ela tem autoridade absoluta sobre nós e a ela devemos nos submeter
totalmente. Assim, os reformadores propõem a tradução da Bíblia na língua do
povo e a interpretação literal da mesma.
A segunda é Solus Christus. Só pelo sacrifício de
Cristo na cruz do Calvário é que podemos ser perdoados dos nossos pecados e
reconciliados com Deus. O Evangelho é a Boa Notícia de que Jesus morreu pelos
nossos pecados, foi sepultado, ressuscitou e apareceu a muitos. Assim sendo, só
há um Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo de Nazaré.
A terceira é Sola Gratia. Só pela maravilhosa graça de Deus podemos ser salvos.
Nós, que somos pecadores, merecíamos a morte eterna. Deus, que é Santo,
deu-nos, de graça, a vida eterna. Pela graça, nós somos salvos. Isto não vem de
nós, nada vem de nós. Antes, é dom de Deus, é presente. Não vem das nossas
obras, para que nenhum de nós se glorie. Então, todo mérito da nossa salvação é
do Deus de toda graça.
A quarta é Sola
Fide. Só pela fé podemos receber, de graça, a nossa salvação. Essa fé também
é dom de Deus. É ele quem nos dá. Quando confiamos, única e exclusivamente, no
que Cristo realizou por nós na cruz, somos justificados. O Pai imputa-nos,
transfere-nos, a justiça do Filho. Conseqüentemente, se a nossa confiança está
apenas em Jesus, não seremos condenados pelos nossos pecados. Aleluia!
A quinta e última é Soli Deo Gloria. Só a Deus deve ser dada toda glória pela nossa
salvação. Desde a eternidade, Deus Pai nos escolheu e nos predestinou. Na
história, Deus Filho derramou o seu sangue para a nossa redenção. Hoje, Deus
Espírito Santo dá-nos vida espiritual e nos sela até o dia em que a boa obra
iniciada em nossas vidas será levada a bom termo. Portanto, toda a glória da
nossa salvação deve ser dada somente ao Deus Trino.
Pouco a pouco, essas teses espalham-se por toda
a Europa e por todo o mundo. Grandes coisas o Senhor faz na Alemanha de
Martinho Lutero, na Suíça de Ulrico Zuínglio e de João Calvino, na Inglaterra
dos tutores de Eduardo VI, na Escócia de João Knox, na França dos Huguenotes e
em tantos outros lugares.
Por fim, quero destacar o que Senhor faz entre
os anabatistas, nossos pais na fé. O movimento anabatista começa em Zurique, na
Suíça, com Conrado Grebel e Félix Mantz. Esses irmãos, que reúnem-se com Ulrico
Zuínglio, começam estudar a Bíblia e concluem que precisavam de uma reforma
mais radical. Logo, começam a rebatizar os adultos (daí anabatistas) e criticar
as autoridades locais. Por tais atitudes são fortemente perseguidos. Alguns
morrem, outros fogem.
Dentre os que fugiram encontra-se Miguel
Sattler, que passa a viver em Estrasburgo, na Alemanha. Ele é quem preside a
chamada “Conferência de Schleitheim”. De tal conferência surge a primeira
confissão que define os seguintes princípios anabatistas: ideal de restauração
da igreja primitiva; igrejas vistas como congregações voluntárias separadas do
Estado; batismo de adultos por imersão; afastamento do mundo; fraternidade e
igualdade; pacifismo; proibição do porte de armas, cargos públicos e
juramentos. Vale ressaltar ainda que, na Holanda, sob a liderança de Menno
Simons, o movimento estabelece-se e cresce.
Desde que Martinho Lutero fixa suas 95 teses, na
porta do castelo de Wittenberg, 495 anos se passam. Somos gratos a Deus pelo
que ele faz no século XVI e desejamos que ele faça muito mais no século XXI.
Que assim seja!
Luiz Felipe Xavier.Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.
HOJE, não precisamos mais da Reforma. Precisamos Derrubar as construções que homens fizeram em cima de Cristo. Voltar ao primeiro amor. Não ser Protestante, mas sim seguidor de Cristo somente.
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