Reproduzo, aqui, o
discurso que fiz na colação de grau da turma do segundo semestre de 2013, do
curso de Teologia, da Faculdade Batista de Minas Gerais. Essa colação de grau
aconteceu no dia 12 de abril de 2013.
"Aos formandos, o meu muito obrigado pelo convite para ser o paraninfo da
turma, aquele que dará a última aula!
Tenho certeza que
essa é uma das maiores honras que um professor pode receber dos seus alunos.
Eu diria que o tempo que passamos juntos foi muito rico...
Novo Testamento I,
Novo Testamento II, Teologia do Novo Testamento, e, para alguns, orientação de
monografia.
Tudo isso sem
contar as reuniões do Núcleo de Belo Horizonte da Fraternidade Teológica
Latino-Americana – Setor Brasil, na Igreja Batista da Redenção.
Nesta noite
especial, rogo-lhes que assumam 3 importantes compromissos.
Primeiro: assumam
um compromisso com os fundamentos
Paulo, em Efésios
2:19-21, diz: “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificado
sobre os fundamentos dos apóstolos e profetas, tendo Jesus como pedra
angular.”.
Quais são os
fundamentos dos apóstolos e profetas?
Os fundamentos dos
apóstolos e profetas são os ensinos de Jesus.
Jesus ensinou muita
coisa...
Ensinou que o Reino de Deus chegou, e
que arrependimento e fé são a porta de entrada do mesmo.
Ensinou que o amor, tanto a Deus quanto
ao próximo, é o estilo de vida dos cidadãos desse Reino.
Ensinou que, nesse Reino, grandes são
aqueles que servem a todos, não aqueles que buscam poder para dominar sobre
muitos.
Ensinou que, nesse Reino, aquilo que
tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus.
Ensinou que os cidadãos desse Reino são
odiados e perseguidos, como o Rei deles o foi.
É isso que Jesus
ensinou e é isso que devemos ensinar também.
Segundo: assumam
um compromisso com a tradição
Nicolai Berdiaev,
cristão ortodoxo russo, afirma: “Tradição é a fé viva dos que já morreram;
tradicionalismo é a fé morta dos que ainda vivem.”.
Qual é a nossa
tradição?
A nossa tradição é
oriunda da Reforma Protestante do século XVI.
Nós, batistas,
somos herdeiros dessa tradição.
Logo, como os
reformadores, precisamos afirmar:
Sola Scriptura.
Só a Escritura, corretamente
interpretada, é a nossa regra de fé e prática.
Ela tem autoridade absoluta sobre nós e
a ela devemos nos submeter totalmente.
Solus Christus.
Só pelo sacrifício de Cristo na cruz do
Calvário é que podemos ser perdoados dos nossos pecados e reconciliados com
Deus.
Assim, só há um Mediador entre Deus e
os homens: Jesus Cristo de Nazaré.
Sola Gratia.
Só pela maravilhosa graça de Deus
podemos ser salvos.
Nós, que somos pecadores, merecíamos a
morte eterna.
Deus, que é Santo, deu-nos, de graça, a
vida eterna.
Pela graça, nós somos salvos, não pelas
nossas obras, para que nenhum de nós se glorie.
Sola Fide.
Só pela fé podemos receber, de graça, a
nossa salvação.
Essa fé também é dom de Deus.
Quando confiamos, única e
exclusivamente, no que Cristo realizou por nós na cruz, somos justificados.
Soli Deo Gloria.
Só a Deus deve ser dada toda glória
pela nossa salvação.
Do início ao fim, ele é o grande
protagonista da nossa redenção.
Assim sendo, toda a glória deve ser
dada somente a Deus.
Essa é a nossa
tradição e a ela devemos nos apegar.
Terceiro: assumam
um compromisso com a unidade
Paulo, em Efésios 4:3, diz: “Façam todo
o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”.
Qual é a unidade?
A unidade é a do
Espírito Santo.
Notem: o Espírito
produz a unidade e nós nos esforçamos para conservá-la.
A evidência dessa
unidade é a paz.
Talvez seja por
isso que Jesus tenha dito que são bem aventurados os “fazedores de paz” – essa
é a melhor tradução da palavra grega usada no texto.
Prestem atenção:
unidade pressupõe diferentes.
É bem diferente de
uniformidade, cujo objetivo é tornar os diferentes iguais.
Assim como Paulo,
precisamos conservar a unidade.
Conservamos a
unidade quando afirmamos a nossa identidade da maneira mais simples possível.
Somos aqueles que fazem parte da
família da Trindade.
Conservamos a
unidade quando afirmamos a nossa missão comum.
Somos aqueles que proclamam o
Evangelho, com palavras e ações, para que mais pessoas também possam fazer
parte da família da Trindade.
Por fim, que jamais nos esqueçamos das
palavras de Pedro:
“Portanto, apelo
para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero
como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará
da glória a ser revelada: pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus
cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus
quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como
dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.
Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da
glória.” (1 Pe. 5:1-4).
Que Deus os abençoe!
Coragem!"
Luiz Felipe Xavier.
Luiz Felipe Xavier.