O ser humano, de modo geral, é um ser que
busca realização pessoal. Alguns pensam que se fizerem se realização; buscam fazer para ser. Outros pensam que se tiverem se realizarão; buscam ter para ser. Outros ainda pensam que se
conhecerem se realizarão; buscam conhecer
para ser. E por aí vai... No fundo, o que o ser humano busca é algo que realize
o seu ser, algo que dê sentido à sua vida.
Refletindo sobre essa busca de todo ser
humano, busca que também é minha, lembro-me do novo mandamento que Jesus deu
aos seus discípulos: “(...) Amem-se uns
aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos
saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.
(...)” (Jo. 13:34-35).
Por meio desse mandamento, Jesus está
propondo o estilo de vida e a identidade dos discípulos. Assim como ele nos
amou, nós devemos amar uns aos outros. O amor deve ser o nosso estilo de vida. E
quando o nosso estilo de vida for o amor todos saberão que nós somos discípulos
de Jesus. Além de ser o nosso estilo de vida, o amor é também deve ser a nossa
identidade.
Lembro-me também do convite que Jesus fez aos
seus discípulos: (...) “Se alguém quiser
acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo
evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder
a sua alma? Ou o que o homem poderia dar em troca da sua alma? (...) (Mc.
8:34-37).
Nesses versos, Jesus fala sobre o custo do
discipulado e sobre o propósito do discipulado. O custo do discipulado é
negar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir. É submeter-se à vontade de Jesus,
discernir a vocação de Jesus e seguir os passos de Jesus. O propósito do
discipulado é perder a vida para salvá-la. Perder a vida é gastar a vida por
causa de Jesus e do Evangelho. Mas, quem está disposto a gastar a vida por
causa de Jesus e do Evangelho? Somente aqueles que são identificados pelo amor
como estilo de vida. Perder a vida por causa de Jesus e do Evangelho é viver
para amar a Deus, em obediência, e ao próximo, em serviço. Jesus perdeu a vida
para salvá-la e nos convida a fazer o mesmo. Logo, ao que parece, só o amor realiza o ser e dá sentido à vida.
Paremos um pouco e pensemos... Pensemos nos
momentos quando nós perdemos de vista os nossos próprios interesses e servimos
ao próximo. Num primeiro momento, nós não sentimos nenhum prazer nisso, afinal
de contas, estamos nos esquecendo pelo outro. Mas, num segundo momento, depois
de gastar a nossa vida em serviço ao próximo, nos sentimos totalmente
realizados. Sentimos que o amor manifesto ao outro realiza o nosso ser e dá
sentido à nossa vida. É como diz Eugene Peterson: “Se eu esquecer de mim mesmo
e voltar-me para Deus, encontrarei a mim mesmo e a ele.”. Penso que isso
acontece porque, quando amamos, nos identificamos, radicalmente, com o nosso
amado Jesus.
Portanto, quem se diz discípulo não deve buscar
a realização do ser e o sentido da vida no fazer,
no ter ou no conhecer, mas no amar.
Isso porque só amor realiza o ser e dá sentido à vida. É simples assim! Se é
simples assim, que peçamos, com simplicidade, a graça de Jesus, que leva-nos a
amar a Deus e ao nosso próximo. Que assim seja!
Esse texto foi publicado na revista Ultimato, no. 343.