Reproduzo, aqui, o
discurso que fiz na colação de grau da turma do segundo semestre de 2012, do
curso de Teologia, da Faculdade Batista de Minas Gerais. Essa colação de grau
aconteceu no dia 23 de março de 2013.
"Aos formandos, o
meu muito obrigado pelo convite para ser o paraninfo da turma, aquele que dará
a última aula!
Tenho certeza que
essa é uma das maiores honras que um professor pode receber dos seus alunos.
Eu diria que o
tempo que passamos juntos foi muito rico...
Novo Testamento I
e II, Teologia do Novo Testamento, Exegese do Novo Testamento e, para alguns,
orientação de monografia.
Tudo isso sem
contar as reuniões do Núcleo de Belo Horizonte da Fraternidade Teológica Latino-Americana
– Setor Brasil, na Igreja Batista da Redenção.
Nesta noite
especial, eu gostaria de apresentar-lhes 3 desafios ministeriais.
Esses desafios estão
postos tanto na academia quanto na igreja.
Primeiro desafio: Afirmar o “Sola Scriptura”
O Pai nos deu a
sua Palavra.
Os reformadores afirmaram:
“Só a Escritura”.
Os batistas, ao
longo da história, têm afirmado: “Só a Escritura”.
Peço licença para
citar a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira: “Através dos
tempos, os batistas se têm notabilizado pela defesa destes princípios: 1º.) A
aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta.”.
Assim como os
reformadores, em geral, e os batistas, em especial, precisamos afirmar: “Só a
Escritura”.
Mas o que
significa afirmar “Só a Escritura”?
Significa que a
nossa consciência deve estar sempre cativa à Escritura.
Significa que nós
devemos julgar tudo, tudo mesmo, pela Escritura.
Significa que a
Escritura interpreta a própria Escritura e que Jesus é a chave dessa
interpretação.
Significa que a
nossa reflexão teológica e a nossa ação pastoral devem ser fundamentadas na
Escritura.
Significa que nós
devemos valorizar e praticar a pregação expositiva da Escritura em nossa igreja
local.
Segundo desafio: Liderar pelo serviço
Jesus liderou
pelo serviço.
Certa vez, em
resposta ao pedido de Tiago e João por poder, Jesus disse: “Vocês sabem que
aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas
importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário,
quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser
ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
(Mc. 10:42-45).
Assim como Jesus,
precisamos liderar pelo serviço.
Precisamos servir
sempre e servir ao maior número de pessoas possível.
É o serviço que nos
livra do desejo do poder neste mundo.
Porém, se algum
de nós receber algum poder, esse poder deve ser usado para servir às pessoas,
não para a nossa auto-promoção.
Jamais nos esqueçamos
que o nosso Senhor não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
em resgate por muitos.
Terceiro desafio: Conservar a unidade
A Bíblia afirma
que o Espírito Santo produz a unidade, ao passo que o Diabo trabalha pela
divisão.
Isto é, enquanto
o Espírito Santo age para unir, o Diabo age para dividir.
Escrevendo à
igreja de Éfeso, o apóstolo Paulo diz: “Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes
que vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente
humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam
todo o esforço para conservar a unidade do Espírito, pelo vínculo da paz.” (Ef.
4:1-3).
Notem: a unidade
é do Espírito e nós nos esforçamos para conservá-la.
A evidência dessa
unidade do Espírito é a paz.
Talvez seja por
isso que Jesus tenha dito que são bem aventurados os “fazedores de paz” – essa
é a melhor tradução da palavra grega usada no texto.
Prestem atenção:
unidade pressupõe diferentes.
É bem diferente
de uniformidade, cujo objetivo é tornar os diferentes iguais.
Assim como Paulo,
precisamos conservar a unidade.
Conservamos a
unidade quando afirmamos a nossa identidade da maneira mais simples possível.
Somos aqueles que
fazem parte da família da Trindade.
O Pai tinha um
plano eterno de trazer-nos à sua família;
O Filho realizou,
historicamente, a nossa reconciliação, por meio da sua morte e ressurreição;
O Espírito Santo dá-nos
nova vida, vem habitar em nós e possibilita o nosso relacionamento com as
demais pessoas da Trindade.
É simples assim!
Conservamos a
unidade quando afirmamos a nossa missão comum.
Uma vez que fomos
reconciliados com a Trindade, anunciamos ao mundo inteiro que há possibilidade
de reconciliação, por meio de Cristo, nosso Salvador.
Isso é o
Evangelho e é esse evangelho que devemos anunciar.
Conservamos a
unidade quando afirmamos que o amor é o nosso único estilo de vida.
Amor que se
manifesta em obediência a Trindade.
Amor que se
manifesta em serviço ao próximo.
Por fim, que
jamais nos esqueçamos das palavras de Pedro:
“Portanto, apelo
para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero
como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará
da glória a ser revelada: pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus
cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus
quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como
dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.
Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da
glória.” (1 Pe. 5:1-4).
Que Deus os
abençoe!
Coragem!"
Luiz Felipe Xavier