A Bíblia é, basicamente, uma
história sobre Deus e sobre sua glória. Essa história começa com a criação do
mundo e da humanidade. O reformador João Calvino diz que a criação é o teatro
da glória de Deus. Deus cria o homem à sua imagem e semelhança para que este o
adore. Mas, esse homem peca contra Deus. Logo, Deus começa a executar um
projeto para a salvação de toda humanidade e de toda a criação.
Em Gn. 12:1-3, Deus chama Abraão
e faz-lhe uma promessa: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa
de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande
povo, e o abençoarei (...) e por meio de você todos os povos da terra serão
abençoados.”. Quando chega a Siquém, sua primeira parada, Abraão toma uma
atitude missionária. Ali, ele estabelece a adoração pública a Deus. Por causa
da sua contínua adoração, Abraão torna o nome de Deus conhecido. O mesmo
acontece com Isaque e com Jacó.
No Êxodo, Deus revela sua glória
ao mundo. Ele é exaltado acima dos falsos deuses (idolatria) e das opressivas
estruturas (escravidão) do Egito. Por Faraó não levar em conta as palavras de
Moisés, Deus envia 10 pragas sobre o Egito e, depois da maravilhosa travessia
do Mar Vermelho, a primeira atitude de Moisés e de todo o povo é a adoração a
Deus.
Pouco tempo depois, o povo chega
à Cades-Barnéia, na fronteira de Canaã. Moisés envia doze espias para
reconhecer a terra e dez voltam com medo dos seus habitantes, influenciando
todo o povo à rebelião contra Deus e contra o próprio Moisés. Assim, Deus
decide destruir o povo e começar um novo povo a partir de Moisés. Diante dessa
decisão, Moisés ora a Deus e Deus perdoa o povo, mas não permite que aquela
geração conquiste a terra (exceto Josué e Calebe). O mais interessante nessa
história é o argumentação de Moisés com Deus: O que as nações dirão do seu nome
se você destruir o seu povo?
Décadas depois, o povo conquista
Canaã. Essa conquista tem um duplo propósito. Primeiro, recompensar a maldade
das nações da terra e cumprir a promessa feita aos patriarcas. Segundo, aniquilar
a idolatria das nações. Assim sendo, a conquista acontece por causa da adoração
e para a glória de Deus.
A história segue, os juízes
governam e, depois, os reis governam. Quando Davi governa, ele decide construir
um templo a Deus. Porém, como Davi derramou muito sangue, Salomão é quem constrói
e dedica o templo ao Senhor. Na oração de dedicação, ele diz que o templo seria
o lugar onde Deus ouviria e responderia ao seu povo e também às nações.
Pouco tempo depois do templo ser
construído, a Rainha de Sabá fica sabendo da fama de Salomão, com respeito ao
nome do Senhor e vai a Jerusalém para ouvir sua sabedoria. O mais importante é
que ela volta para casa com o conhecimento do Deus que guarda sua aliança e ama
a Israel para sempre. A Rainha de Sabá e todo o mundo procurava ir ter com ele
para ouvir a sabedoria que Deus lhe pusera no coração. Todavia, quando tudo
parece transcorrer bem, o povo começa praticar a idolatria. Infelizmente, é o próprio
Salomão que abre o caminho para essa prática.
Após a morte de Salomão, o reino
é dividido. A partir deste momento, a história bíblica passa a registrar uma
longa batalha, cheia de altos e baixos, contra a idolatria. O resultado da
idolatria é a destruição do reino do norte, pelos assírios, e o cativeiro do
reino do sul (inclusive do templo), pelos babilônicos.
Quase setenta anos depois, ainda
no cativeiro, Daniel ora, pedindo a Deus que cumpra a promessa de restaurar o
povo, a cidade e o templo. Essa restauração seria também a restauração da
glória do nome de Deus. Daniel pede a Deus que, por amor a si mesmo, restaure o
seu próprio nome.
De volta a Jerusalém, a
prioridade do povo foi reedificar os muros e o templo. Ageu deixa claro que o
templo é para a glória de Deus. Depois do exílio, Israel abandona a idolatria e
passa a esperar, com grande expectativa, a vinda do Messias.
Em Cristo, a história de Deus e
de sua glória chega ao seu clímax. Jesus resume seu ministério à glorificação
do Pai. Isso fica evidente através de três exemplos. O primeiro é a oração do
Pai Nosso. Santificar o nome do Pai implica colocar em ordem o caos provocado
pelo pecado. O segundo exemplo é o encontro com a mulher samaritana. Adorar em
espírito e em verdade implica desnacionalizar e desgeografizar da adoração. O
terceiro exemplo é a purificação do templo. Expulsar os negociantes do templo implica
restaurar o seu propósito, a saber, ser casa de oração para todas as nações.
Depois de convertido à fé cristã,
Paulo alinha sua vida e apostolado ao verdadeiro propósito de Israel e de Jesus:
fazer com que Deus receba a adoração de todas as nações. Para ele, o propósito
de Deus para os eleitos é a glória; e a glória é ser conformado à imagem de
Jesus. Todavia, isso só é possível porque o próprio Cristo habita nesses
eleitos.
Aqui vale destacar
uma importante novidade. No Antigo Testamento, a glória vem sobre (monte, templo). No Novo
Testamento, a glória está em (nós).
Nós refletimos a glória de Deus, à medida que, pela graça, vivemos de forma
coerente com o Evangelho.
Por fim, o Apocalipse apresenta o
cumprimento do propósito de Deus ao longo de toda a história. João vê uma
multidão de pessoas, de todas as etnias da terra, glorificando a Deus com as
seguintes palavras: “A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no
trono, e ao Cordeiro.” (Ap. 7:10). O mais impressionante é que, no fim da
história, Deus mesmo habitará entre os homens salvos de todas as nações e será
o seu Deus.
Que a paixão por Deus e por sua
glória na adoração leve-nos a apresentação de Deus e de sua glória na pregação!
Luiz Felipe Xavier.Esse texto foi publicado no informativo da Igreja Batista da Redenção.